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Dor Abdominal em Quadrante Superior Direito

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 08/03/2018

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Quadro Clínico

 Paciente do sexo feminino, 47 anos, sem antecedentes mórbidos, começou a ter dor abdominal no quadrante superior direito há cerca de 2 horas e cerca de 1 hora após uma refeição, de grande intensidade, sem fatores de melhora ou piora, mal caracterizada, associada a vômitos e mal-estar geral.

Ao exame físico, demonstra: frequência cardíaca (FC), 110bpm; frequência respiratória (FR), 18RPM; pressão arterial (PA), 146x88mmHg; afebril, saturação de oxigênio de 95%, ausculta cardíaca e pulmonar normais, exame abdominal com RHA presentes, sem visceromegalias, dor intensa à palpação em andar superior do abdome com sinal de Murphy positivo. Foi solicitada tomografia computadorizada (TC) do abdome, conforme mostra a Figura 1.

 

 

 

TC: tomografia computadorizada.

Figura 1 - Detalhe da TC de abdome.

 

Discussão

Na TC, verifica-se que a vesícula biliar está hiperdistendida (10,5 x 4,5cm), com paredes difusamente espessadas e densificação da gordura perivesicular, além de nítidos cálculos que medem até 2cm. Na vigência do quadro clínico descrito, não há dúvidas de que a melhor hipótese para esse caso é de uma colecistite aguda.  Acolecistite aguda é geralmente uma complicação de doença biliar calculosa. Estima-se, com base em levantamentos epidemiológicos, que a doença se desenvolva em 6 a 11% dos pacientes com cálculos biliares sintomáticos ao longo de uma década. Apesar de ter sido realizada nesse caso, a TC de abdome geralmente é desnecessária no diagnóstico de colecistite aguda. Entre os achados potenciais, estão o edema da parede da vesícula biliar, o fluido perivesicular e a bile com alta atenuação. No entanto, a TC pode não detectar cálculos biliares porque muitas pedras são isodensas com a bile. A TC pode ser útil quando as complicações da colecistite aguda (como colecistite enfisematosa ou perfuração da vesícula) são suspeitas ou quando outros diagnósticos estão sendo considerados. O exame de escolha, no entanto, continua sendo a ultrassonografia (USG) de vias biliares. A presença de pedras na vesícula biliar no contexto clínico adequado suporta o diagnóstico de colecistite aguda. Outras características ultrassonográficas incluem: espessamento da parede da vesícula biliar (maior que 4 a 5mm) ou edema (sinal de parede dupla); “sinal de Murphy ultrassonográfico” (semelhante ao sinal de Murphy provocado durante a palpação abdominal, exceto que a resposta positiva é observada durante a palpação com o transdutor de ultrassom, porém é mais preciso porque pode confirmar que é, de fato, a vesícula biliar que está sendo pressionada). A sensibilidade e a especificidade ajustadas para o diagnóstico de colecistite aguda com USG são de 88 e 80% (IC 95%, 0,62 a 0,98), respectivamente. Já para a detecção apenas de cálculos, a sensibilidade e a especificidade da USG são de 84 e 99%, respectivamente.

 

Bibliografia

1.             Ahmed A, Cheung RC, Keeffe EB. Management of gallstones and their complications. Am Fam Physician 2000; 61:1673.

2.             Kalloo AN, Kantsevoy SV. Gallstones and biliary disease. Prim Care 2001; 28:591.

3.             Kalimi R, Gecelter GR, Caplin D, et al. Diagnosis of acute cholecystitis: sensitivity of sonography, cholescintigraphy, and combined sonography-cholescintigraphy. J Am Coll Surg 2001; 193:609.

 

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