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Esofagite Erosiva

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 22/03/2018

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Quadro Clínico

 

Paciente do sexo feminino, 37 anos, previamente hígida, procura serviço de saúde por crises de dor retroesternal em queimação há 3 semanas, associadas à alimentação, com piora no período noturno, associada a tosse seca no período. Ao exame físico demonstra: frequência cardíaca (FC), 70BPM; frequência respiratória (FR), 16RPM; pressão arterial (PA), 100x60mmHg; temperatura de 36,2ºC; ausculta cardíaca e pulmonar normais; exame abdominal com RHA presente, sem visceromegalias e sem massas. Foi solicitada endoscopia digestiva alta (EDA), conforme mostra a Figura 1.

 

 

 

EDA: endoscopia digestiva alta.

Figura 1 - Detalhe da EDA apresentando esofagite erosiva.

 

Discussão

 

 

Algum grau de refluxo é fisiológico; entretanto, existe a doença do refluxo gastresofágico (DRGE), que é uma condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo estomacal causa sintomas e/ou complicações. A DRGE é classificada com base no aparecimento da mucosa esofágica na endoscopia superior da seguinte forma:

·         esofagite erosiva: caracteriza-se por rupturas visíveis endoscopicamente na mucosa esofágica distal com ou sem sintomas incômodos da DRGE.

·         Doença de refluxo não erosiva: doença com endoscopia negativa, caracteriza-se pela presença de sintomas incômodos da DRGE sem lesão da mucosa esofágica visível.

O quadro clínico tem sintomas clássicos, que são a pirose ou azia e a regurgitação. A pirose é uma sensação de queimação na área retrosternal, mais comumente pós-prandial. Ela é considerada problemática se sintomas leves ocorrerem 2 ou mais dias por semana, ou sintomas moderados a graves mais de 1 dia por semana. Já a regurgitação é definida como a percepção de fluxo de conteúdo gástrico na boca ou hipofaringe. Os pacientes tipicamente regurgitam materiais ácidos misturados com pequenas quantidades de alimentos não digeridos.

Outros sintomas da DRGE incluem disfagia, dor torácica, salivação, sensação de globus, odinofagia, náuseas e sintomas extraesofágicos como tosse crônica, rouquidão e sibilância. A disfagia é comum no contexto de pirose de longa data e, muitas vezes, é atribuível à esofagite de refluxo, mas pode ser indicativo de uma estenose esofágica. A odinofagia é um sintoma incomum da DRGE, mas, quando presente, geralmente indica uma úlcera esofágica.

A dor torácica relacionada à DRGE pode imitar a angina e é tipicamente descrita como em aperto ou queimação, de localização retroesternal e irradiando para as costas, pescoço, mandíbula ou braços. A dor pode durar de minutos a horas, e resolve espontaneamente ou com antiácidos. Geralmente, ocorre após as refeições, desperta os pacientes do sono e pode ser exacerbada pelo estresse emocional.

A hipersalivação é um sintoma relativamente incomum em que os pacientes podem ter espuma na boca, secretando até 10mL de saliva por minuto em resposta ao refluxo. A sensação de globus é a percepção quase constante de um nódulo na garganta, independentemente da deglutição. A náusea é relatada raramente com DRGE, mas um diagnóstico de DRGE deve ser considerado em pacientes com náuseas sem outras causas estabelecidas.

 

 

 

Bibliografia

 

1.             Vakil N, van Zanten SV, Kahrilas P, et al. The Montreal definition and classification of gastroesophageal reflux disease: a global evidence-based consensus. Am J Gastroenterol 2006; 101:1900.

2.             Richter JE. Typical and atypical presentations of gastroesophageal reflux disease. The role of esophageal testing in diagnosis and management. Gastroenterol Clin North Am 1996; 25:75.

3.             Nebel OT, Fornes MF, Castell DO. Symptomatic gastroesophageal reflux: incidence and precipitating factors. Am J Dig Dis 1976; 21:953.

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