Autor:
Rodrigo Antonio Brandão Neto
Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 19/02/2021
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Paciente de 42 anos de idade, sexo masculino, com quadro de dispneia edor torácica com piora progressiva, há 2 meses. Foi verificada a presença dederrame pleural bilateral e puncionado o líquido pleural, que demonstrou líquidoexsudativo com predomínio de outras células, provavelmente neoplásicas.
O paciente também apresentava estase jugular a aumento da silhuetacardíaca; assim, foi decidido realizar ultrassonografia cardíaca à beira doleito, que mostrou a imagem a seguir:
Figura 1 ? Ultrassonografia Cardíaca
A imagem foi realizada na janela subcostal ou subxifoide, que é idealpara avaliar presença de derrame pericárdico. A câmara mais superior ou próximada pele é o ventrículo direito, e podemos observar o ventrículo esquerdo, que éa câmara mais muscular. Pode-se perceber grande quantidade de líquido em tornodas câmaras cardíacas, indicando a presença de derrame pericárdico volumoso,provavelmente da mesma etiologia que o derrame pleural. Como o diagnósticoetiológico foi possível apenas com a punção pleural, não é necessária arealização de punção pericárdica diagnóstica.
Sinaisecocardiográficos sugestivos de restrição diastólica e tamponamento incluem:
· presença de derrame pericárdicocircunferencial em coração hiperdinâmico;
· sinais de colabamento diastólico decâmaras cardíacas;
· variação respiratória exagerada dosfluxos mitral e tricúspide: redução do fluxo mitral maior que 25% na inspiraçãoe/ou do fluxo tricúspide maior que 50%;
· dilatação da veia cava inferior (VCI)e/ou redução menor que 50% da variação inspiratória do seu diâmetro;
· desvio septal para o interior do ventrículoesquerdo na inspiração e para o ventrículo direito na expiração;
· swing heart: movimento em balanço do coração dentro do derrame pericárdico.
Neoplasias são causas frequentes de derramepericárdico, estando presentes em 25% dos casos e em até 10% dos pacientessabidamente portadores de neoplasia. Algum grau de DP, mesmo que assintomático,costuma surgir. São quatro os principais mecanismos para esse quadro:
1) congestãolinfática devido ao acometimento neoplásico de linfonodos torácicos eabdominais;
2) acometimentosecundário da parede pericárdica pela doença levando a produção exacerbada epatológica de líquido pericárdico, sendo mais frequente na neoplasia de pulmão,mama, hematológica e melanoma;
3) pacientescom hipoalbuminemia, por distúrbios da pressão oncótica sanguínea, também podemevoluir com derrames cavitários, incluindo o pericárdio;
4) pacientessubmetidos a radioterapia e quimioterapia também podem evoluir com presença dederrame, secundário a essas modalidades terapêuticas.
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