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Febre Maculosa Brasileira

Última revisão: 30/01/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Febre Maculosa Brasileira

 

CID 10: A77.0

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, podendo cursar desde formas leves e atípicas ate formas graves com elevada taxa de letalidade. O início, geralmente, e abrupto e os sintomas são inicialmente inespecíficos, incluindo: febre elevada, cefaleia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. Em geral, entre o segundo e o sexto dia da doença, surge o exantema maculopapular, predominantemente nas regiões palmar e plantar, que pode evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. O exantema e um importante e fundamental achado clínico, porem sua presença não deve ser considerada a única condição para fortalecer a suspeita diagnóstica, pois pode estar ausente, o que dificulta e retarda o diagnóstico e tratamento, determinando maior numero de óbitos. Nos casos graves, é comum a presença de edema de membros inferiores, hepatoesplenomegalia, manifestações gastrintestinais, como náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia, manifestações renais com oligúria e insuficiência renal aguda, manifestações pulmonares com tosse, edema pulmonar, pneumonia intersticial e derrame pleural, manifestações neurológicas e hemorrágicas, como petéquias, sangramento mucocutâneo, digestivo e pulmonar. Pacientes não tratados precocemente podem evoluir para formas graves. Cerca de 80% desses, se não diagnosticados e tratados a tempo, evoluem para óbito.

 

Sinonímia

Pintada, febre que pinta, febre chitada.

 

Agente Etiológico

Rickettsia rickettsii, espiroqueta da família Ricketisiaceae, bactéria gram-negativa, parasita intracelular obrigatória.

 

Reservatório

No Brasil, o principal reservatório da Rickettsia rickettsii são os carrapatos do gênero Amblyomma (A. cajennense, A. cooperi ou dubitatum e A. aureolatum). A participação de equídeos no ciclo de transmissão é discutível, porém há evidencias de que, além de transportadores de carrapatos potencialmente infectados, eles podem atuar como sentinelas, semelhantemente ao cão, que é um reservatório domestico potencial. Acredita-se que a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), também, pode estar envolvida neste ciclo, mas não existem estudos que comprovem ser esse roedor um reservatório silvestre de Rickettsias.

 

Modo de Transmissão

A Febre Maculosa Brasileira e, geralmente, adquirida pela picada de carrapato infectado e a transmissão ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por, no mínimo, de 4 a 6 horas. A doença não se transmite de pessoa a pessoa.

 

Período de Incubação

De 2 a 14 dias (em media, 7 dias).

 

Período de Transmissibilidade

Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 meses a 36 meses. A partir de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados, por meio da transmissão vertical (transovariana), transmissão estádio-estádio (transestadial) ou transmissão através da cópula, além da possibilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não infectados em animais com suficiente riquetsemia.

 

Diagnóstico

Pode ser de difícil o diagnóstico da Febre Maculosa Brasileira, sobretudo em sua fase inicial, mesmo por profissionais bastante experientes. Dados clínicos e epidemiológicos associados a achados laboratoriais reforçam o diagnóstico da doença. A cultura com isolamento da Rickettsia e o método diagnóstico ideal. A reação sorológica de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígenos específicos para R. rickettsii, e o mais utilizada. Deve ser considerado como confirmatório um aumento de 4 vezes no título em uma segunda amostra colhida, pelo menos, 2 semanas após a primeira. Outros métodos utilizados são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a imuno-histoquímica.

 

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico precoce e muito difícil, principalmente durante os primeiros dias da doença, quando as manifestações clínicas também podem sugerir leptospirose, sarampo, febre tifoide, dengue, febre amarela, meningococcemia, viroses exantemáticas, lúpus, febre purpúrica brasileira, doença de Lyme e sepses, entre outras.

 

Tratamento

Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da antibioticoterapia, antes mesmo da confirmação laboratorial, tem assegurado maior recuperação dos pacientes. Em adultos, Cloranfenicol, 50 mg/kg/dia, via oral, dividida em 4 tomadas, ou Doxiciclina, 100 mg, de 12/12 horas, via oral. Manter o esquema ate 3 dias após o termino da febre. Nos casos graves, a droga de escolha e o Cloranfenicol, 500 mg, EV, de 6/6 horas. Em crianças, usar Cloranfenicol, não ultrapassando 1 g/dia, durante o mesmo período. A Doxiciclina pode ser usada em crianças acima dos 8 anos, na dose de 2 a 4 mg/kg/dia, máximo de 200 mg/dia, em 2 tomadas, de 12/12 horas.

 

Características Epidemiológicas

A doença se apresenta sob a forma de casos esporádicos em áreas rurais e urbanas, relacionados com contato com carrapatos, quer em atividades de trabalho ou lazer. No Brasil, são notificados casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

A vigilância da Febre Maculosa Brasileira compreende a vigilância epidemiológica e ambiental (vetores, reservatórios e hospedeiros) e tem como objetivos: detectar e tratar precocemente os casos suspeitos, visando à redução da letalidade; investigar e controlar surtos, mediante a adoção de medidas de controle; conhecer a distribuição da doença por lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais prováveis de infecção (LPI) e recomendar e adotar medidas de controle e prevenção.

 

Notificação

É doença de notificação compulsória, devendo ser informada pelo meio mais rápido disponível; e obrigatória a investigação epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência de novos casos e óbitos.

 

Definição de Caso

Suspeito

Indivíduo que apresente febre de moderada a alta, cefaleia, de início súbito, mialgia, historia de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos e/ou silvestres e/ou tenha frequentado área sabidamente de transmissão da Febre Maculosa, nos últimos 15 dias; ou, ainda, indivíduo que apresente febre de início súbito, mialgia, cefaleia, seguida por aparecimento de exantema maculopapular, entre 2 a 5 dias dos sintomas e/ou manifestações hemorrágicas, excluídas outras patologias.

 

Confirmado

Por critério laboratorial, quando o agente etiológico for isolado em cultura ou pesquisa imuno-histoquímica positiva para antígenos de Rickettsia sp., ou quando a sorologia de duas amostras, colhidas com intervalo médio de 10 a 14 dias, mostrar soroconversão de 4 vezes o título; por critério clínico-epidemiológico, quando o paciente for a óbito com quadro compatível de Febre Maculosa Brasileira e tenha antecedentes epidemiológicos.

 

Compatível

Indivíduo com clínica sugestiva de Febre Maculosa Brasileira que apresente reação sorológica positiva, RIFI com título = 1/64, em amostra única.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Alertar os profissionais da rede de serviços de saúde, das áreas de ocorrência da doença, sobre os sinais, sintomas e as orientações diagnósticas e terapêuticas. Em caso de suspeita de Febre Maculosa, colher uma amostra de sangue para exame laboratorial e iniciar o tratamento imediatamente, antes mesmo do resultado laboratorial.

Havendo carrapatos na pele do doente, coletá-los com luvas e pinças, acondicioná-los e encaminhá-los para o laboratório de referencia. Iniciar, imediatamente, a investigação epidemiológica com busca ativa de casos suspeitos. Orientar a comunidade sob vigilância para procurar os serviços de saúde aos primeiros sinais da doença (febre, cefaleia e mialgias). Verificar a extensão da presença de carrapatos na área e instruir a população sobre a necessidade da retirada dos mesmos nos indivíduos infestados (com luvas), já que a doença parece ocorrer com maior frequência em indivíduos que permanecem com o vetor no corpo por mais de 6 horas. A ficha de investigação deverá ser preenchida e, além dos dados de identificação dos pacientes, deverão ser feitas perguntas objetivas sobre a clínica, a existência dos transmissores e a ocorrência de casos semelhantes anteriormente. Nas entrevistas, devem ser anotadas informações sobre o modo de vida dos habitantes, principalmente acerca de invasão de matas, transformações sociais e econômicas mais recentes na área, buscando relacionar essas informações com a ocorrência da Febre Maculosa. O rodízio de pastos e capina da vegetação pode trazer alguns resultados no controle da população de carrapatos, enquanto o uso de carrapaticidas deve fazer parte de um programa contínuo de controle, principalmente quando houver participação de equinos como hospedeiros primários para o carrapato. A população deve evitar as áreas infestadas por esse artrópode e, se possível, usar calças e camisas de mangas compridas, roupas claras para facilitar a visualização e, sempre, inspecionar o corpo para verificar a presença de carrapatos.

 

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