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Códigos de Barra e Segurança com Medicamentos

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 10/05/2010

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Códigos de Barra e Segurança com Medicamentos

 

Efeito da Tecnologia de Código de Barras na Segurança da Administração de Medicações

 

Fator de Impacto da Revista (New England Journal of Medicine): 52,589

 

Contexto

                Eventos adversos relacionados a medicamentos estão entre os mais comuns em hospitais, sendo que boa parte destes eventos são graves ou fatais. Estes eventos com medicações ocorrem freqüentemente durante a prescrição ou a administração de medicações. Para ajudar a evitar esses erros, passou a se incorporar novas tecnologias, entre as quais, o uso de código de barras para verificação dentro de sistemas de administração de medicamentos eletrônicos. No entanto, dados sobre a eficácia desta tecnologia são limitados, e os resultados dos estudos são divergentes.

 

O Estudo e seus Resultados

                Pesquisadores de um hospital escola de 735 leitos em Boston – EUA, levantaram prospectivamente as taxas de erros em ordens de transcrição e administração de medicamentos antes e depois da implementação do código de barras. Os erros foram classificados como erros relacionados ao aprazamento (erros de administração precoce ou tardia) e erros não relacionados ao aprazamento. Cada erro foi julgado de forma independente por um painel multidisciplinar (médico, enfermeiro e farmacêutico) para confirmar o erro e seu potencial para causar dano ao paciente.

Foram observadas e analisadas mais de 14.000 administrações de medicamentos e mais de 3000 transcrições durante nove meses em 2005. Foram observados 776 erros não relacionados a aprazamento em unidades que não adotaram o código de barras (taxa de erro de 11,5%), contra 495 erros nas unidades que utilizaram o sistema (taxa de erro de 6,8%), o que significa uma redução de 41,4% nos erros (p < 0,001) com a utilização do código de barras. Com relação aos erros não relacionados ao aprazamento, a taxa de potenciais eventos adversos relacionados a medicamentos caiu de 3,1% na unidades que não usaram código de barras para 1,6% nas que utilizaram, uma queda de 50,8% nos eventos (p < 0,001). Quanto aos erros relacionados ao aprazamento, houve uma queda de 27,3% (p < 0,001) nas unidades que utilizaram a tecnologia de código de barras em relação às unidades que não utilizaram, porém sem queda no número de potenciais eventos adversos relacionados a este item. Erros de transcrição ocorreram em uma taxa de 6,1% em unidades que não usaram o código de barras, mas foram completamente eliminados nas unidades que fizeram uso da tecnologia.

 

Comentários

                Eventos adversos relacionados à medicação são o segundo tipo mais comum de incidente, atrás apenas de eventos adversos relacionados a cirurgia, segundo diversos estudos em todo o mundo. Sendo assim, é uma área com um grande desafio a ser transposto no que tange a segurança do paciente. Neste importante estudo, o uso do código de barras reduziu substancialmente a taxa de erros nas ordens de transcrição e na administração de medicamentos, bem como potenciais eventos adversos da droga, apesar de não eliminar esses erros.  Este estudo dá suporte adicional à hipótese de que o código de barras reduz a incidência de certos tipos de erros de medicação e que ela pode ser complementar a outras formas de tecnologias de informação em saúde, tais como a prescrição informatizado para o médico, sempre objetivando melhorar a segurança do paciente quanto ao uso de medicações. O que permanece incerto é se o benefício visto quando esta tecnologia é incorporada se traduz em mudanças significativas na mortalidade e morbidade, algo que não foi alvo deste estudo. Talvez, o que seja mais importante, é avaliar a custo-efetividade da incorporação desta tecnologia nas diferentes realidades que existem, porque os hospitais dispõem de recursos limitados. O que salta aos olhos neste artigo, entretanto, é a mensuração do resultado positivo que o uso de código de barras traz na segurança de medicações em hospitais, algo que estava mais no plano das idéias do que de fato comprovado.

 

Bibliografia

1.       Poon EG et al. Effect of bar-code technology on the safety of medication administration. N Engl J Med 2010 May 6; 362:1698

 

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