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Proteção gástrica em pacientes com trauma ortopédico recebendo AINH

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/09/2010

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Educar médicos para seguir recomendações de literatura melhora a assistência. O exemplo de uma Unidade de Trauma do Reino Unido.

 

Proteção Gástrica em Pacientes com Trauma Ortopédico Recebendo Anti-inflamatórios Não Hormonais

 

Fator de Impacto da Revista (The Surgeon): 0,942

 

Contexto

Os anti-inflamatórios não hormonais (AINH) são drogas usadas com muita frequência no contexto de trauma ortopédico. Entretanto, não são drogas isentas de riscos. Um dos riscos mais comuns é o desenvolvimento de hemorragia digestiva alta. Alguns fatores de risco são importantes no contexto desses sangramentos: idade maior ou igual a 65 anos, comorbidades importantes, uso de corticosteroides e de anticoagulantes, história de úlcera péptica, história de sangramento gastrointestinal e uso de doses de AINH acima da recomendada.

Guidelines do American College of Rheumatology (Colégio Americano de Reumatologistas) recomendam que pacientes em uso de AINH, com pelo menos um fator de risco para sangramento digestivo alto, receba algum protetor gástrico. Contudo, esta recomendação não é seguida de forma consistente na prática médica.

Este estudo procurou averiguar se um programa educacional seria capaz de aumentar a adesão a tal recomendação de guidelines.

 

O Estudo e seus Resultados

Esse foi um estudo experimental desenvolvido em um hospital geral do Reino Unido, junto à unidade de trauma. Inicialmente, um estudo retrospectivo foi feito por 18 semanas antes da intervenção. Foram levantados os casos admitidos pelo serviço de emergência para o serviço de ortopedia nesse período. Na sequência, foi realizado um programa de sensibilização que incluiu ensino para médicos e farmacêuticos, bem como o uso de cartazes e avisos com lembretes. Novos dados foram colhidos nas 9 semanas subsequentes para comparar com os dados prévios à intervenção educacional.

No total, 644 pacientes tiveram seus prontuários averiguados, 451 pré-intervenção e 193 pós-intervenção. Foram incluídos 100 pacientes da fase pré e 49 da fase pós (pacientes que usavam AINH e eram de alto risco para sangramento digestivo alto). Na fase pré-intervenção, dos pacientes que recebiam AINH e que eram de alto risco para sangramento digestivo, apenas 25,3% receberam protetores gástricos. Após a intervenção, este valor de adequação subiu para 73,1% (p < 0,001).

 

Comentários

Parece algo simples o que esse estudo fez, mas se levarmos em conta que a mortalidade dos pacientes com sangramento digestivo alto chega a ser entre 7 e 8%, e que é mais alta ainda em usuários de AINH, o aumento de profilaxia em casos de risco deve ter algum impacto em mortalidade. É verdade também que esse estudo não foi desenhado para averiguar tal desfecho, e que provavelmente seria necessário um número bem maior de pacientes para que se tivesse alguma conclusão sobre este assunto. No entanto, é intuitivo pensar que esse benefício possa ter ocorrido.

Esse estudo traz um resultado semelhante ao resultado de outros estudos que realizaram intervenções educacionais, os quais mostram que sempre há melhora após a intervenção. Entretanto, é observado que esse efeito é transitório e que a adesão tende a voltar a níveis mais baixos ao longo do tempo. Será necessário averiguar como esses valores devem ser sustentados em longo prazo com novos estudos, entretanto é promissor verificar como intervenções educacionais, que em geral são muito baratas, podem repercutir em melhores resultados assistenciais.

É bem provável que, criando programas de educação permanente para profissionais de saúde, ocorra uma manutenção dos resultados a longo prazo. Atualmente, a atualização do profissional acaba sendo mais focada em revalidações de títulos ou algo do gênero. As instituições devem descobrir seus pontos fracos e promover programas locais de educação permanente, voltados para necessidades específicas que podem impactar nos pacientes atendidos, como foi o caso desse estudo, que focou em uma profilaxia para um perfil de paciente que era frequente em seu serviço.

 

Bibliografia

1.    Chan JK-K et al. Gastroprotection in trauma patients receiving non-steroidal anti-inflammatory drugs. Surgeon 2010 Aug; 8:206. [Link para o Artigo]

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