Autor:
Fernanda M. Cação
Médica com título de especialista em Clínica Médica e em Dermatologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Última revisão: 25/01/2009
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As micoses subcutâneas são infecções fúngicas que acometem primariamente a pele e tecidos subcutâneos, e geralmente desenvolvem-se após penetração do organismo na pele em local de pequenos traumas. São mais comuns nas áreas tropicais e raramente disseminam-se de maneira sistêmica. Micetomas são considerados micoses subcutâneas, porém, devido a particularidades, serão discutidos à parte. As micoses sistêmicas manifestam-se na pele como infecção cutânea primária ou por disseminação hematogênica.
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, um fungo dimórfico de crescimento rápido. O fungo existe como saprófita no solo, madeiras e vegetação nas áreas de clima quente e úmido no mundo todo. O organismo é introduzido na pele através de pequenos traumas com espinhos ou plantas e dissemina-se pelo sistema linfático. Desnutrição, alcoolismo e deficiências imunológicas podem predispor à infecção.
A esporotricose cutaneolinfática é a apresentação mais comum. Inicia-se por uma lesão nodulogomosa que se ulcera formando o “cancro esporotricótico”, indolor. Lesões satélites se formam ao longo do trajeto linfático da cadeia linfática associada, podendo ocorrer linfadenopatia regional. As áreas mais comumente afetadas são os membros superiores e a face. A esporotricose extracutânea ou disseminada pode se apresentar com pielonefrite, orquite, mastite, sinovite, meningite ou infecções ósseas, sendo raro o acometimento pulmonar; geralmente afeta indivíduos imunocomprometidos.
Constitui uma micose causada por fungos produtores de pigmentos escuros (demáceos). Afeta principalmente trabalhadores rurais, com hábitos de andar descalços ou com sandálias, e é mais comum em homens. Os fungos causadores da cromomicose habitam o solo, plantas, flores e madeiras. Fonsecaea pedrosoi é o patógeno mais comum no Brasil.
Os membros inferiores são mais comumente afetados, pois o fungo penetra através de traumatismos. A doença inicia com pápulas da cor da pele que evoluem a nódulos ou placas com superfície verrucosa. O crescimento é sempre lento e insidioso. O aspecto típico é de massas, nódulos com aspecto de couve-flor e grandes vegetações que ocorrem após anos. Linfedema secundário é comum. A doença limita-se à pele e ao subcutâneo, não invadindo músculos e ossos subjacentes, exceto em imunossuprimidos. A morbidade da cromomicose relaciona-se à infecção bacteriana secundária, impotência funcional do membro afetado e possibilidade de transformação carcinomatosa.
Conhecida como blastomicose queloidiana, tem sua ocorrência quase restrita à região amazônica. O agente é o fungo Lacazia loboi, cujo reservatório natural ainda não é conhecido.
As lesões cutâneas desenvolvem-se lentamente após o fungo penetrar na pele, formando típicas cicatrizes queloidianas que crescem por contiguidade. Não ocorrem sintomas sistêmicos. As áreas mais afetadas são pavilhão auricular e membros inferiores. A inabilidade do L. loboi em crescer em culturas a 37°C pode explicar a ausência de disseminação visceral da lobomicose e a preferência por áreas frias do corpo. A histopatologia revela histiócitos espumosos e células gigantes com grande número de parasitas, além de microabcessos.
Doença causada por fungos oportunistas zigomicetos, que são divididos em dois quadros: mucormicose ou zigomicose sistêmica, e entomoftoromicose ou zigomicose subcutânea.
Ocorre em indivíduos imunodeprimidos, diabéticos descompensados, desnutridos, grandes queimados ou sob terapia imunossupressora. Manifesta-se sob três formas clínicas:
cutânea, com lesões vesiconecróticas ou ulcerosas;
rinocerebral, quadro agudo, fulminante, que pode comprometer órbita e cérebro;
sistêmica, que compromete estado geral com perda de peso.
Infecção crônica, de evolução lenta e restrita ao subcutâneo, que ocorre em indivíduos sem imunossupressão. Há duas formas clínicas:
subcutânea: acomete crianças, ocorrendo nódulos inflamatórios no tronco, nádegas e extremidades;
centrofacial: apresenta-se inicialmente com obstrução nasal e epistaxe, evoluindo com infiltração progressiva da região central da face.
Doença subcutânea ou sistêmica causada por fungos dematiáceos, com mais de 20 espécies diferentes, sendo os mais comuns Exophiala jeanselmei e Wangiella dermatitidis nas formas subcutâneas e Cladosporium bantiasenum na forma sistêmica. A infecção subcutânea se dá por implantação após pequenos traumas, com formação de cisto inflamatório. Na forma sistêmica, a infecção se dá por inalação.
A forma subcutânea mostra lesão cística única inflamatória na raiz de membros, podendo evoluir para placas pigmentadas e endurecidas. É pouco dolorosa, não apresenta linfangite ou adenopatia importante. A forma sistêmica caracteriza-se por cistos e abscessos pulmonares e posterior disseminação hematogênica para outros órgãos.
Infecção das mucosas causada pelo Rhinosporidium seeberi, que era classificado com fungo, porém atualmente é classificado como protista aquático. Ocorre em áreas de clima tropical e temperado, principalmente Sri Lanka e sudeste da Índia. Acredita-se que a infecção ocorra após contato com água contaminada.
As lesões características são pólipos grandes, unilaterais, com superfície avermelhada e pontos brancos que sangram com facilidade, e que ocorrem na mucosa nasal, oral, laringe, conjuntiva e região perianal. Observam-se esporângios, com múltiplos esporos no seu interior.
Tabela 1: Micoses subcutâneas
Doença |
Agente |
Característica |
Quadro clínico mais frequente |
Diagnóstico diferencial |
Tratamento | |
esporotricose |
Sporothrix schenckii |
Fungo dimórfico de crescimento rápido. |
Forma cutaneolinfática: nódulo-goma e úlcera, indolor, com lesões satélites ao longo do trajeto linfático, nos membros superiores e face. |
Leishmaniose, hanseníase tuberculoide e sífilis. |
Iodeto de potássio, itraconazol, fluconazol, anfotericina B. | |
cromomicose |
Fonsecaea pedrosoi, Phialophora verrucosa, Fonsecaea compacta, Cladophialophora carrionii, Rhinocladiella aquaspersa, Cladophialophora ajeloi e outros. |
Fungos demáceos, produtores de pigmentos escuros detectados pelo exame direto. |
Nódulos ou placas com superfície verrucosa, de crescimento lento e insidioso, formando lesões com aspecto de couve-flor e grandes vegetações. Linfedema secundário é comum. Membros inferiores são os mais afetados. |
Leishmaniose, tuberculose verrucosa, esporotricose, paracoccidioidomicose e carcinoma verrucoso. |
Terbinafina e itraconazol em monoterapia ou associados podem ser usados, com resposta limitada. Se possível, o tratamento cirúrgico é a melhor escolha. | |
lobomicose |
Lacazia loboi |
Fungo dimorfo, em grande quantidade nas lesões cutâneas. Ainda não cultivado. |
Lesões típicas se assemelham a cicatrizes queloidianas, com margens lobuladas, bem delimitadas e não aderidas ao subcutâneo. As áreas mais afetadas são pavilhão auricular e membros inferiores. |
Hanseníase lepromatosa, queloide, leishmaniose anérgica, xantoma e dermatofibrossarcoma protuberante. |
A melhor opção terapêutica é a excisão completa da lesão. Clofazimina por 2 anos pode ser usada. Outros antifúngicos não são efetivos. | |
zigomicose |
mucormicose |
Absidia corymbifera, Rhizomucor pussilus, Mucor ramossimus, Rhizopus microsporus. |
Exame direto mostra hifas grandes e ramificadas, devendo ser realizada cultura para diagnóstico. |
Ocorre em indivíduos imunodeprimidos e diabéticos. Pode ser cutânea, rinocerebral e sistêmica. |
Linfoma subcutâneo, celulite. |
Itraconazol ou anfotericina B, e debridamento cirúrgico. As formas rinocerebral e sistêmica em geral evoluem a óbito. |
entomoftoromicose |
Basisiobolus haptosporus, Conidiobolus coranatus. |
Infecção crônica e restrita ao subcutâneo, em indivíduos sem imunossupressão. Pode ser subcutânea ou centrofacial. |
Neoplasias, micetomas, leishmaniose, granuloma mediofacial. |
Cetoconazol, itraconazol ou iodeto de potássio. Pode ser necessário debridamento cirúrgico. | ||
Mais comuns: Exophiala jeanselmei, Wangiella dermatitidis. |
Fungos dematiáceos com mais de 20 espécies diferentes. |
Forma subcutânea: lesão cística única inflamatória na raiz de membros, podendo evoluir a placas pigmentadas e endurecidas, pouco dolorosa, não apresenta adenopatia importante. |
Lipomas e cistos, e nas formas gomosas ou fístulas com sífilis, esporotricose e micetomas. |
Exérese cirúrgica é o tratamento de escolha. Itraconazol pode ser utilizado como auxiliar em lesões maiores. | ||
Rhinosporidium seeberi |
Protista aquático |
Pólipos que sangram com facilidade, na mucosa nasal, oral, laringe, conjuntiva e região perianal. |
Condilomas e hemorróidas |
Excisão cirúrgica com cauterização da base. |
Micetomas são infecções crônicas da pele e tecidos subjacentes causadas por fungos (eumicetomas) ou bactérias (actinomicetomas e botriomicose). São caracterizados por aumento do volume da área afetada e múltiplas fístulas por onde são eliminados grãos que contêm o agente. Os grãos são pequenas formações arredondadas que medem de
Os organismos geralmente estão presentes no solo, na forma de grãos, que são introduzidos nos doentes através de lesões de continuidade da pele causadas por espinhos, pedras ou farpas de madeira. Pode ocorrer também penetração endógena oportunista de actinomicetos que vivem como saprófitas na cavidade oral, intestino ou trato respiratório.
A tríade de aumento de volume, fístulas comunicantes e secretantes, e a extrusão de grãos caracteriza os micetomas, que geralmente acometem os membros inferiores. As lesões são indolores até estágios avançados, quando pode ocorrer acometimento de nervos e tendões. A maioria dos pacientes apresenta discreta linfadenopatia regional, geralmente associada à infecção bacteriana secundária.
Osteomielite crônica, tuberculose, sarcoma de Kaposi, melanoma acral e actinomicose.
A presença de grãos é fundamental para o diagnóstico. Identifica-se o agente por meio de cultura, realizada com o material de abscesso ou fístula, ou por material de biópsia. Testes sorológicos como imunodifusão e ELISA podem ser utilizados para identificação dos organismos e seguimento. Radiografia simples, tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea podem ser úteis para visualizar acometimento de partes moles, lesões osteolíticas e espessamento cortical.
Tabela 2: Micetomas
Doença |
Agentes mais comuns |
Quadro clínico comum |
Particularidades |
Tratamento |
Eumicetoma |
Acremonium sp e Madurella grisea. |
Tríade: aumento de volume, fístulas comunicantes e secretantes, e extrusão de grãos. Geralmente acometem os pés. As lesões crescem lentamente e coalescem, formando tratos sinusais que podem drenar pela pele, com saída de grãos. |
Crescem lentamente e permanecem limitados à pele e a tecidos moles por longos períodos. |
Cirurgia é a melhor opção para cura; o tratamento medicamentoso pode ser feito com cetoconazol, itraconazol ou anfotericina B. |
Actinomicetoma |
Actinomyces israelli e Actinomyces bovis (bactérias endógenas anaeróbias), Actinomadura sp, Nocardia brasiliensis e Streptomyces sp (bactérias aeróbias). |
Crescem mais rapidamente, são lesões mais inflamatórias, destrutivas e invasivas, podem acometer as estruturas ósseas mais precocemente. |
Terapia antibiótica combinada com sulfametoxazol/trimetoprim e dapsona por 2 anos, ou sulfametoxazol/trimetoprim em monoterapia, inicialmente parenteral. | |
Botriomicose |
S aureus, P. aeruginosa, E. coli, entre outras. |
Baixa virulência do organismo e anormalidade imunológica no hospedeiro. |
Consoante organismo encontrado e antibiograma |
Também chamada blastomicose sul-americana, é uma micose sistêmica crônica, progressiva e insidiosa, causada pelo fungo dimorfo Paracoccidioides brasilienses. A doença ocorre em quase todos países da América do Sul, sendo mais de 80% dos casos notificados no Brasil. O fungo habita o solo e plantas, e os homens e pequenos animais adquirem o patógeno por aspiração. A apresentação clínica pode ser crônica ou aguda. A forma crônica afeta homens de meia-idade, geralmente trabalhadores rurais que têm contato íntimo com solo e vegetação. A forma aguda afeta crianças e adultos jovens de ambos os sexos, e compromete predominantemente o sistema retículo-endotelial. Mulheres em idade fértil são menos acometidas pela doença porque o P. brasiliensis possui receptor plasmático para o hormônio betaestradiol, que impede a transformação do micélio inalado para a forma patogênica leveduriforme. A gravidade da infecção depende da resposta imunológica do hospedeiro, havendo um polo hiperérgico, outro anérgico e formas intermediárias.
A inalação do fungo causa a infecção pulmonar primária, que se apresenta como tosse, febre e perda de peso. A forma crônica do adulto resulta da reativação de um foco latente pulmonar de infecção. Metade destes pacientes apresenta lesões mucosas. As lesões cutâneas centrofaciais por contiguidade são típicas, mas a maioria das lesões cutâneas ocorre por disseminação hematogênica do fungo a partir dos pulmões. A adenopatia pode ser regional ou generalizada, simulando linfoma, ocorrendo frequentemente amolecimento e fistulização. As glândulas adrenais são acometidas em quase metade dos pacientes. A forma juvenil corresponde à forma anérgica da doença, predominando adenopatias generalizadas, hepatoesplenomegalia, febre e comprometimento do estado geral, sendo a forma clínica de maior mortalidade. Doentes imunodeprimidos podem apresentar doença com características clínicas da forma aguda juvenil e as lesões mucosas e acometimento pulmonar da forma crônica.
As lesões mucosas devem ser diferenciadas de leishmaniose. A linfonodomegalia regional é similar na esporotricose. O acometimento ganglionar permite diagnóstico diferencial com linfoma, tuberculose ganglionar e actinomicose.
Pode ser feito pelo exame direto de secreções e cultura. A histopatologia mostra microabscessos de neutrófilos com parasitas no interior e granuloma tuberculoide. As provas sorológicas, como a imunodifusão dupla, auxiliam o diagnóstico e são importantes para seguimento e avaliação da atividade da doença. A intradermorreação com paracoccidioidina avalia a imunidade celular do doente e é sempre negativa no polo anérgico.
Dura de 1 a 2 anos e é geralmente associado com complicações e recidivas. A definição de cura é difícil e abrange os aspectos clínicos, micológicos e sorológicos. As drogas utilizadas para o tratamento da paracoccidioidomicose são as sulfonamidas, a anfotericina B e os derivados azólicos. As taxas de cura são similares. Mesmo após a interrupção do tratamento, os pacientes devem ser anualmente acompanhados clínica, radiológica e sorologicamente para o diagnóstico de eventual recidiva.
É doença sistêmica de distribuição universal causada pelo fungo dimorfo Histoplasma capsulatum, que afeta primariamente os pulmões. Os reservatórios animais são morcegos, galinhas e outras aves. A infecção se dá pela inalação de esporos, que podem ser isolados em cavernas, galinheiros e no solo.
É uma doença espectral que inclui formas assintomáticas, formas pulmonares agudas e crônicas, e formas disseminadas agudas ou crônicas. O acometimento cutâneo ocorre após disseminação hematogênica a partir de foco pulmonar primário. Existe também a histoplasmose africana, confinada ao continente africano, causada pelo Histoplasma capsulatum var. duboisii, que afeta mais comumente a pele e ossos.
Sífilis, tuberculose, carcinomas, leishmaniose e paracoccidioidomicose.
O fungo pode ser visualizado no exame direto de escarro, sangue, aspirado de medula óssea ou linfonodos, e material de biópsia. A identificação do organismo deve ser completada com cultura. Testes sorológicos como fixação do complemento e imunodifusão podem auxiliar na detecção de antígenos de histoplasma circulantes, o que pode ser útil em pacientes com infecções disseminadas, como no HIV positivo.
É a infecção sistêmica causada pelo fungo dimorfo Cryptococcus neoformans, de ocorrência mundial e que afeta principalmente pacientes imunossuprimidos, como infectados por HIV. O fungo é encontrado no solo e em excretas de pombos e morcegos. Penetra no organismo por via respiratória e se propaga hematogenicamente para pele, próstata, fígado, rins, ossos e peritônio, com predileção pelo sistema nervoso central.
O quadro geralmente é sistêmico, com acometimento do sistema nervoso central, como meningite crônica ou sinais focais. O acometimento mucocutâneo ocorre em cerca de 10% dos casos. O criptococo pode ser observado pelo exame direto das secreções e do líquido cefalorraquidiano (LCR) e deve ser realizada cultura. Os testes sorológicos são úteis principalmente nas formas disseminadas e com acometimento do sistema nervoso central. As lesões cutâneas devem ser diferenciadas de histoplasmose e infecção por Penicillium marneffei.
Infecção sistêmica causada pelo fungo dimorfo Coccidioides immitis, que ocorre em áreas desérticas do sudoeste dos EUA e em partes da América Central e do Sul. O fungo habita o solo, e a infecção ocorre após inalação de artroconídeos.
O quadro é predominantemente pulmonar, podendo ser assintomático ou apresentar dor pleurítica, tosse, dispnéia, além de febre e cefaléia. Eritema polimorfo e eritema nodoso ocorrem em até 25% dos pacientes, ambos considerados reação de hipersensibilidade ao C. immitis, podendo apresentar também rash maculoeritematoso. Uveíte e artralgia podem ocorrer. A forma disseminada é muito rara e ocorre geralmente em pacientes negros, filipinos e imunossuprimidos; apresenta alta mortalidade e as lesões cutâneas variam de abscessos a granulomas e úlceras. O exame direto deve ser realizado em amostras de escarro, LCR ou pus. A cultura confirma o diagnóstico. Exames sorológicos são úteis no diagnóstico e prognóstico da doença. Como o quadro clínico é bastante variado, deve ser diferenciado de várias condições infecciosas crônicas com acometimento pulmonar.
Tabela 3: Micoses sistêmicas
Doença |
Agente |
Principal órgão acometido |
Lesões cutâneas |
Tratamento |
paracoccidioidomicose |
Paracoccidioides brasilienses. Ao exame direto, observam-se células com parede de duplo contorno e gemulações múltiplas simultâneas, lembrando a cabeça de Mickey-Mouse, ou roda de leme. |
Pulmões e linfonodos. |
Lesões mucosas: lesões eritematoexulceradas com pontilhado fino hemorrágico sobre base granulomatosa (estomatite de Aguiar-Pupo), lesões infiltrativas, vegetantes e ulceradas orais, nasais, faríngeas e laríngeas. Lesões cutâneas: centrofaciais são por contiguidade das lesões mucosas; as demais são por disseminação hematogênica a partir dos pulmões. Variam de pápulas crostosas a úlceras, nódulos, placas e lesões verrucosas, na metade superior do corpo. |
Utiliza-se a associação sulfametoxazol/trimetoprim por 2 anos. Itraconazol, cetoconazol, fluconazol e anfotericina B também são efetivos. |
Cryptococcus neoformans. Associado a pacientes imunossuprimidos (HIV+). |
Quadro sistêmico, com acometimento do sistema nervoso central. |
Raramente é patognomônico. Ocorrem lesões acneiformes ou pústulas ao redor do nariz e boca, pápulas com aspecto molusco-símile, lesões papulonecróticas, celulite e ulcerações. |
Anfotericina B endovenosa associada ou não com flucitocina. Pacientes HIV+ devem receber terapia de manutenção com fluconazol para evitar recidiva. | |
histoplasmose |
Histoplasma capsulatum |
Pulmões, com grande afinidade pelo sistema retículo-endotelial. |
Podem ocorrer pápulas, úlceras, nódulos, granulomas, abscessos, fístulas, alterações pigmentares e pápulas com depressão central, lembrando molusco contagioso em pacientes com aids. Formas pulmonares agudas podem ser acompanhadas de eritema nodoso e eritema polimorfo. A forma disseminada crônica se apresenta com ulcerações orais. |
Itraconazol, cetoconazol e fluconazol. Anfotericina B é utilizada em infecções graves. |
Coccidioides immitis |
Pulmões |
Eritema polimorfo e eritema nodoso ocorrem em até 25% dos pacientes, ambos considerados reação de hipersensibilidade ao C. immitis. |
Para a infecção pulmonar, não é necessário tratamento. Nos casos de doença disseminada, utiliza-se anfotericina B. | |
Blastomicose norte-americana |
Blastomyces dermatitidis |
A pele é o orgão mais afetado. |
A lesão cutânea primária se manifesta como nódulos e úlceras de extremidades, que apresentam disseminação esporotricótica. A forma disseminada apresenta granulomas, pápulas, vegetações e ulcerações que podem lembrar pioderma gangrenoso. |
Iodeto de potássio, anfotericina B, itraconazol, fluconazol e cetoconazol, dependendo da gravidade da doença. |
As micoses subcutâneas podem ser de difícil diagnóstico ao médico generalista, sendo útil abordagem multidisciplinar.
As micoses profundas constituem enfermidades que não devem ser negligenciadas pelo médico generalista, pois podem ter consequências letais em alguns casos.
As micoses sistêmicas sempre devem ser lembradas no diagnóstico diferencial de pacientes com suspeita de tuberculose, podendo inclusive ter associação em alguns casos.
A prevalência de pacientes imunossuprimidos (aids, transplantados, doenças autoimunes) tem favorecido o aumento de casos de micoses profundas atualmente.
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