Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 09/07/2019
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Contexto Clínico
A raspagem endometrial é uma técnica proposta para facilitar o implante de embriões e aumentar a probabilidade de gravidez em mulheres submetidas à fertilização in vitro (FIV). Porém, seus efeitos são pouco conhecidos em estudos.
O Estudo
Foi realizado um estudo pragmático, multicêntrico, aberto, randomizado e controlado. As mulheres elegíveis foram submetidas à FIV (embriões frescos ou transferência de embriões congelados), sem exposição recente à instrumentação intrauterina disruptiva (por exemplo, histeroscopia). As participantes foram aleatoriamente designadas em uma proporção de 1:1 para raspagem endometrial (por biópsia Pipelle entre o dia 3 do ciclo que precede o ciclo de transferência de embriões e o dia 3 do ciclo de transferência de embriões) ou nenhuma intervenção. O resultado primário foi o nascimento vivo.
Um total de 1.364 mulheres foi submetido à randomização. A frequência de nascidos vivos foi 180 de 690 mulheres (26,1%) no grupo de raspagem endometrial e 176 de 674 mulheres (26,1%) no grupo controle (odds ratio ajustado, 1,00; IC 95%, 0,78 a 1,27). Não houve diferenças significativas entre os grupos nas taxas de gravidez em curso, gravidez clínica, gravidez múltipla, gravidez ectópica ou aborto espontâneo. O escore mediano para a dor em pacientes submetidas ao procedimento de raspagem (em uma escala de 0 a 10, com maiores escores indicando pior dor) foi de 3,5 (intervalo interquartil, 1,9 a 6,0).
Aplicação Prática
A busca por resultados positivos em FIV sempre é algo desejável. Porém, o presente estudo mostrou que a raspagem endometrial não resultou em uma taxa mais alta de nascidos vivos do que nenhuma intervenção entre mulheres submetidas à FIV, sendo assim, por ora, a prática não deve ser adotada como rotina nessas situações.
Bibliografia
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