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Diretriz da SBC para Gravidez na Mulher Cardiopata parte 717

Introdução

No Brasil, a incidência de cardiopatia na gravidez é, em centros de referência, de até 4,2%, ou seja, oito vezes maior quando comparada a estatísticas internacionais. Universalmente, a cardiopatia é considerada a maior causa de morte materna indireta no ciclo gravídico-puerperal.

 

Infarto Agudo do Miocárdio

A ocorrência de infarto agudo do miocárdio (IAM) é rara durante a gravidez, sendo estimado que possa ser diagnosticado entre 3-10 casos para cada 10.000 gestações. A aterosclerose coronariana é a principal causa de IAM na gestação (43% dos casos), mas também pode estar relacionada com trombose coronária (21%), aneurismas (4%), dissecção coronariana (16%) e até coronárias normais (29%). Aquelas pacientes que enfartam e na cinecoronariografia apresentam coronárias normais poderiam ter o evento decorrente de um espasmo coronariano isolado ou associado à trombose, não detectados no momento do exame. A maioria dos casos de IAM com coronárias normais ocorre no período periparto.

 

Tratamento

O tratamento não difere muito do da paciente não grávida e segue as diretrizes atuais, apenas levando em consideração as possíveis ações dos medicamentos ou procedimentos sobre o concepto. A causa do IAM deveria, sempre que possível, ser esclarecida por meio da realização imediata de angiografia coronária. O tratamento envolve analgesia, sedativos, nitratos, bloqueadores beta-adrenérgicos, fibrinolíticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (contraindicados na gestação, mas liberados para uso no puerpério), antiagregante plaquetário, anticoagulantes, angioplastia transluminal coronária e revascularização miocárdica. As estatinas, apesar de terem indicação bem definida na prevenção secundária em não grávidas quando o IAM é de origem aterosclerótica, não são recomendadas para uso na gestação e amamentação.

 

 

Reperfusão

O objetivo da reperfusão é reduzir o tempo total de isquemia, sendo a ICP primária o procedimento de eleição. Na gestante, adquire maior importância em relação ao trombolítico pela possibilidade de diagnosticar e tratar a dissecção espontânea de coronárias, além de apresentar menor risco de sangramento. A ICP primária deve ser realizada num intervalo de tempo não superior a 90 minutos após a chegada no hospital (IA), com os cuidados de proteção fetal já descritos. É preferível o uso de stents metálicos, por necessitarem do uso de antitrombóticos por menor tempo que os farmacológicos. Se o hospital não dispuser de laboratório de hemodinâmica e a paciente não puder ser transferida para outro local que possibilite o procedimento dentro do tempo ideal, é recomendado o uso de fibrinolítico num intervalo de tempo não superior à 30 minutos após sua chegada, ou dentro das primeiras 6 horas de evolução, desde que não haja contraindicações(IB). A trombólise sistêmica, apesar de ser descrita com contraindicação relativa na gestação, tem sido realizada nas indicações clássicas quando os benefícios superam os riscos. Mas o risco real de hemorragia é ainda desconhecido.