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Diferentes Estratégias para Decanulação de Traqueostomia

Contexto Clínico

 

Quando os pacientes com traqueostomiaatingem um estágio em seus cuidados em que a decanulação parece ser possível, éprática comum tampar o tubo de traqueostomia por 24 horas para ver se elesconseguem respirar por conta própria. Não está claro se essa abordagem paraestabelecer a prontidão do paciente para decanulação leva a melhores resultadosdo que aquela baseada na frequência de sucção das vias aéreas.

 

O Estudo

 

Apresentamos umensaio clínico realizado em cinco unidades de terapia intensiva (UTI), para oqual foram inseridos adultos conscientes e gravemente enfermos que tinhamtraqueostomia; os pacientes eram elegíveis após o desmame da ventilaçãomecânica. Neste ensaio não cego, os pacientes foram designados aleatoriamentepara passar por um ensaio de limitação de 24 horas mais oxigenoterapiaintermitente de alto fluxo (grupo de controle) ou para receber terapia deoxigênio de alto fluxo contínuo com frequência de sucção, sendo o indicador deprontidão para decanulação (grupo de intervenção). O desfecho primário foi otempo de decanulação. Os desfechos secundários incluíram falha na decanulação,falha no desmame, infecções respiratórias, sepse, falha multiorgânica, tempo depermanência na UTI e no hospital e óbitos na UTI e no hospital.

O ensaioincluiu 330 pacientes; a média de idade (± DP) dos pacientes era de 58,3 ± 15,1anos, e 68,2% eram homens. Um total de 161 pacientes foram designados para ogrupo de controle, e 169, para o grupo de intervenção. O tempo para decanulaçãofoi menor no grupo de intervenção do que no grupo de controle (mediana, 6 dias[intervalo interquartil, 5 a 7] vs. 13 dias [intervalo interquartil, 11 a 14];diferença absoluta, 7 dias [intervalo de confiança de 95%, 5 a 9]). Aincidência de pneumonia e traqueobronquite foi menor, e o tempo de permanênciano hospital mais curto, no grupo intervenção do que no grupo de controle.Outros resultados secundários foram semelhantes nos dois grupos.

 

Aplicação Prática

 

Uma práticaàs vezes pouco discutida nos corredores dos hospitais, a decanulação detraqueostomia muitas vezes é um limitante para desospitalização de pacientes.Neste ensaio clínico que apresentamos, a decisão de decanular baseada na intervençãoque se utilizou de sucção associada ao uso de oxigenoterapia contínua de altofluxo, em comparação com o padrão de teste de limitação (oclusão) de 24 horas comoxigenoterapia intermitente de alto fluxo, reduziu o tempo de decanulação, semevidência de diferença entre os grupos na incidência de falhas e ainda comdesfechos secundários favoráveis, como a incidência de infecções de via aéreabaixa e permanência hospitalar. O estudo tem bom volume de pacientes e foirealizado em cinco UTIs distintas. Acreditamos que, apesar de ser apenas umensaio clínico isolado, seus resultados favorecem a adoção dessa prática emprotocolos hospitalares.

 

Bibliografia

 

1.            Martínez GH et al. High-Flow Oxygen withCapping or Suctioning for Tracheostomy Decannulation. N Engl J Med 2020;383:1009-1017