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Revisão Sistemática sobre Plasmaférese em Vasculite Anca-positivo

Contexto Clínico

 

As granulomatoses com poliangeíte epoliangeíte microscópica são comumente agrupadas como vasculites associadas aoanticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA). Devido aos variados sintomas eórgãos envolvidos quando os pacientes com essas vasculites se apresentam,muitas vezes eles são atendidos no hospital por diversas especialidades. Emborao tratamento com imunossupressão e glicocorticoides melhore os resultados dospacientes com essas vasculites, eles permanecem com alto risco de morte, doençarenal terminal (ESKD) e infecções graves, principalmente no primeiro ano detratamento.

A plasmaférese (PLEX) removemecanicamente os constituintes do plasma circulante, incluindo imunoglobulinascomo o ANCA. A rápida remoção de autoanticorpos pode reduzir os danosincorridos por essas doenças e, portanto, reduzir o risco de morte e ESKD. Noentanto, a remoção de anticorpos, bem como o uso de hemoderivados e a potencialnecessidade de acesso venoso central, também podem aumentar o risco de danos,principalmente infecções graves, a causa mais comum de morte para pacientes comvasculite ANCA-positivo.

 

O Estudo

 

Apresentamosuma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados queinvestigaram os efeitos da plasmaférese em pacientes com vasculites ANCA-positivoe pelo menos 12 meses de acompanhamento. Os revisores identificaramindependentemente os estudos, extraíram dados e avaliaram o risco de viésusando a ferramenta Cochrane Risk of Bias.

A qualidadeda evidência foi resumida de acordo com os métodos GRADE. Os resultados foramavaliados após pelo menos 12 meses de acompanhamento e incluíram mortalidadepor todas as causas, ESKD, infecções graves, recidiva da doença, eventosadversos graves e qualidade de vida.

Nove ensaios,incluindo 1.060 participantes, preencheram os critérios de elegibilidade. Nãohouve efeitos importantes da plasmaférese na mortalidade por todas as causas(risco relativo, 0,90 [IC 95%, 0,64 a 1,27], certeza moderada). Dados de seteestudos, incluindo 999 participantes que relataram ESKD, demonstraram que aplasmaférese reduziu o risco de ESKD em 12 meses (risco relativo, 0,62 [0,39 a0,98], certeza moderada), sem evidência de efeitos de subgrupo. Dados de quatroensaios, incluindo 908 participantes, mostraram que a plasmaférese aumentou orisco de infecções graves em 12 meses (risco relativo, 1,27 [1,08 a 1,49],certeza moderada). Os efeitos da plasmaférese em outros resultados foramincertos ou considerados sem importância para os pacientes.

 

 

Aplicação Prática

 

Esta metanálise compila os dados maisrecentes e detalhados em termos de ensaios clínicos randomizados que examinamos efeitos da plasmaférese em resultados importantes em pacientes com vasculitesANCA-positivo. A conclusão clara que podemos tirar é a de que a plasmaféresenão altera o risco de morte. Além disso, podemos observar que a plasmaférese, quandoadicionada às terapias padrão, reduz o risco de doença renal em estágio finalem um ano, independentemente da função renal inicial, e aumenta o risco deinfecções graves, um efeito anteriormente não reconhecido.

 

Bibliografia

 

1.            Walsh M et al. The effects of plasma exchangein patients with ANCA-associated vasculitis: an updated systematic review andmeta-analysis BMJ 2022; 376 :e064604