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Eletrocardiograma 3

Quadro Clínico

            Paciente de 68 anos com palpitações há 1 semana e dor torácica ao subir ladeira há 4 horas.

           

Eletrocardiograma do paciente

 

 

Ver diagnóstico abaixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Interpretação

1. Freqüência atrial de 260 bpm e ventricular de 93 bpm, regular

2. Presença de ondas F com orientação negativa em DII, DIII e aVF

3. Intervalo PR = 180 ms

4. QRS com eixo em - 37 (notar orientação negativa em DII/DIII e aVF)

5. Infradesnível do segmento ST de V2 a V6, de até 4 mm em V4 e V5

6. Inversão de onda T em todas as derivações

7. Intervalo QTc de 460 ms

8. Ritmo = Flutter Atrial com resposta ventricular 3:1.

 

Diagnóstico

 

Flutter atrial e isquemia miocárdica aguda.

            Neste eletrocardiograma duas alterações chamam nossa atenção: o ritmo e o segmento ST. A presença de ondas F e a regularidade do QRS fazem o diagnóstico de FLUTTER ATRIAL. Podemos visualizar em V1 a presença de 3 ondas F para cada QRS (resposta ventricular 3:1). Ás vezes as ondas F coincidem com ondas T modificando sua morfologia e trazendo dificuldade ao diagnóstico. Nas derivações precordiais observa-se infradesnível de até 4 mm do segmento ST, secundário a ISQUEMIA MIOCÁRDICA AGUDA.

 

Comentário

            As principais alterações ao eletrocardiograma no flutter atrial são:

         Padrão em serrilhado das ondas F visualizado nas derivações inferiores (DII, DIII e aVF) onde há deflexão negativa em descenso gradual e deflexão para cima abrupta. Em V1 visualizam-se ondas semelhantes a P pontiagudas. Nas derivações laterais (DI, aVL, V5 e V6) quase não há visualização da atividade atrial.

         A resposta ventricular típica é de 150 bpm, pois geralmente há condução AV 2:1 e freqüência atrial de 300 bpm.

         O ritmo é regular, porém pode ser irregular na presença de condução AV variável (2:1,3:1 e 4:1)

         A freqüência atrial varia de 250 a 400 bpm.

 

Evolução

            Este paciente apresentou episódio de angina ao esforço com infradesnível do segmento ST ao ECG, além de elevação de marcadores de necrose miocárdica (pico de CKMB = 90 e troponina = 20). Portanto, o diagnóstico é de INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO “SEM SUPRA”. Foi encaminhado para cinecoronariografia na qual foi visualizada oclusão de 90% na artéria descendente anterior com realização de angioplastia com stent com sucesso. No ECG 2 realizado após angioplastia pode ser observado desaparecimento do infradesnível do segmento ST e a persistência do padrão serrilhado nas ondas F em DII longo. No quinto dia de internação um ecocardiograma transesofágico mostrou ausência de trombos em câmaras cardíacas, tendo o paciente sido submetido à cardioversão elétrica com 100 J com sucesso (ECG 3).

 

ECG 2

 

ECG 3

Comentários

Por: Atendimento MedicinaNET em 26/11/2013 às 17:32:24

"Caro Ramonn, obrigado por acompanhar os conteúdos do MedicinaNET, esperamos que estejam ajudando sua prática. Quanto à sua pergunta, o maior complicador neste caso é saber se a dor torácica descrita é secundária ou não à taquicardia supraventricular, para aí sim indicar a cardioversão elétrica. Esta dúvida é muito frequente. Neste caso em específico, a dor torácica começou em situação de esforço, e há presença de sinais de isquemia (infra de ST de V2 a V6) e houve elevação de marcadores de necrose. Sendo assim, a dor parece ter mais relação com o quadro de angina instável, que é o outro diagnóstico desse caso, e por isso não foi indicada a cardioversão elétrica. Esperamos ter ajudado, atenciosamente, os Editores."

Por: Ramonn Chaves da Silva Rodrigues em 24/11/2013 às 01:13:33

"Nesse caso como exite critério( dor torácica) não seria indicado fazer cardioversão para reversão do flutter de acordo com o ACLS 2010??? grato pela atençao"