Mulher de 48 anos, com 2 episódios de síncope associado a dispnéia aos mínimos esforços.
Ver o diagnóstico abaixo
1- Ritmo regular (R-R regular);
2- FC = 162 bpm;
3- Eixo - negativo 45 graus;
4- Taquicardia de QRS alargado (>160 ms), aspecto de bloqueio de ramo esquerdo;
5- Ondas P após QRS – “p retrógradas”;
6- R > 30ms em V1 e R monofásico em V6.
Taquicardia Ventricular
A paciente foi cardiovertida eletricamente com sucesso, porém houve recorrência da arritmia com necessidade de drogas antiarrítmicas (amiodarona) e transferência para UTI. Evoluiu para choque cardiogênico; após intubação orotraqueal, ajuste volêmico e drogas vasoativas foi passado balão intra-aórtico. Com a estabilização não houve recorrência da arritmia, mas o ECG (ECG2) mostrava supradesnível de ST em parede anterior. Foi realizada cinecoronariografia sem evidência de lesões obstrutivas nas coronárias. O ecodopplercardiograma mostrava função ventricular deprimida (FEVE = 0,20) e a biópsia endomiocárdica mostrou sinais inflamatórios muito sugestivos de miocardite. Após 1 mês de tratamento de suporte houve melhora progressiva recebendo alta com função ventricular normal.
A Taquicardia ventricular consiste na presença em série de 3 ou mais batimentos de origem ventricular (abaixo da bifurcação do feixe de His) com duração que ultrapassa 120ms. O vetor do segmento ST-T está em oposição ao complexo QRS, que pode ou não ser regular.
Classificação:
Taquicardia Ventricular Sustentada (TVS): duração maior que 30 seg ou que necessita de cardioversão elétrica por instabilidade hemodinâmica.
Taquicardia Ventricular Não-Sustentada (TVNS): quando reverte espontaneamente ou tem duração menor que 30 seg e sem instabilidade hemodinâmica.
As duas situações mais freqüentes associadas à TV são: doença coronariana e cardiomiopatia dilatada. O mecanismo fisiopatológico básico é a reentrada, porém atividade engatilhada ou automaticidade podem ocorrer.
O diagnóstico de TV se baseia na história clínica e ECG:
História: a TV pode se apresentar como episódios assintomáticos até quadros com comprometimento hemodinâmico, podendo culminar com parada cardíaca.
Os sinais e sintomas mais freqüentes são: palpitações, dor precordial, sintomas de pré-síncope, sudorese, hipotensão, ondas “a” em canhão se houver dissociação AV, etc.
Eletrocardiograma: O ECG é o exame mais importante para o diagnóstico. A freqüência cardíaca pode variar de 70 a 250 bpm; a morfologia do QRS é alargada, com duração maior ou igual a 120 ms, podendo os complexos ser uniformes, monomórficos, polimórficos, alternados (taquicardia bidirecional) ou variar de uma maneira repetitiva (torsade de pointes); a despolarização atrial pode ser independente da ventricular (dissociação AV) ou ocorrer retrogradamente.
Como Diferenciar: Taquicardia Ventricular X Taquicardia Supraventricular com Aberrância.
Sinais indicativos de TV:
1- Batimentos de fusão ou captura;
2- Dissociação AV;
3- Desvio do QRS para esquerda;
4- Complexos QRS concordantes para cima ou para baixo de V1-V6;
5- Duração do QRS>140 ms;
6- QRS com morfologia de BRE com R>30ms em V1 ou V2: QR, QS ou R monofásicos em V6;
7- QRS com morfologia de BRD, monofásico ou bifásico em V1 ou relação R/S em V6 < 1 ou QS, QR ou R puro em V6.
Sinais indicativos de taquicardia supraventricular com aberrância:
1- Término ou lentificação com manobra vagal;
2- Início com onda P prematura;
3- Intervalo RP < 100ms;
4- Ausência de dissociação AV;
5- Padrão RSR’ em V1.
"Prezada Maria do Carmo, obrigado por ter entrado em contato e por estar utilizando nosso conteúdo para seus estudos! Achamos sua sugestão interessante, e vamos discutir a possibilidade de incluir esta aula em nossa programação para dentro em breve. Um abraço, Os Editores"
"Ola pessoal... Estou muito interessada em ter uma video-aula sobre esse assunto. Sou acadèmica do sexto período de medicina e tenho dificuldade em eletrocardiograma...Mas quem não tem?...rs rs rs ? Tem uma previsão de quando teremos uma aula básica? Obrigada! Att;"