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Eletrocardiograma 25

Quadro Clínico

Paciente 70 anos internado com dispnéia e palpitações.

Eletrocardiograma do paciente

 


Interpretação

 

1-     Ritmo irregular, FC = 106

2-     Intervalo PR variável

3-     Morfologia da onda P variável

4-     QRS de duração normal com desvio do eixo para esquerda e para frente

5-     Ritmo = Taquicardia Atrial Multifocal


Diagnóstico

 

Taquicardia Atrial Multifocal. A taquicardia atrial multifocal está geralmente associada a doença pulmonar e este paciente estava internado por descompensação de enfisema (a presença de desvio do eixo para a esquerda também é um achado comum em enfisema grave).

 

Comentários

 

As taquicardias irregulares com QRS estreito são:

 

  • Fibrilação Atrial
  • Flutter Atrial com bloqueio atrioventricular variável
  • Taquicardia atrial multifocal
  •  

                Na fibrilação atrial não há ondas P visíveis, sendo que neste caso vemos pelo menos 3 tipos de ondas P com morfologia diferentes (melhor vistas na derivação DII longa), ocorrendo em intervalos diferentes, confirmando o diagnóstico de taquicardia atrial multifocal e excluindo o flutter atrial. Interessantemente, a taquicardia atrial multifocal pode evoluir para ritmo de fibrilação atrial.

                A taquicardia atrial multifocal é uma taquicardia de ritmo irregular variando a freqüência de 100 a 200 por minuto. Provavelmente resulta de disparos aleatórios de diferentes focos ectópicos atriais. Quando a freqüência é menor que 100, denomina-se marcapasso atrial mutável. Os critérios para seu diagnósticos são:

     

  • frequência entre 100 e 200 (geralmente maior que 150)
  • presença de pelos menos 3 morfologias diferentes de ondas P numa mesma derivação
  • intervalos P-P, P-R, R-R variáveis
  •  

                Esta arritmia representa menos de 1% de todas as taquicardias, sendo associada a doença pulmonar em 60 a 85% dos casos, geralmente quadros de exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Pode ser precipitada por insuficiência respiratória, descompensação de insuficiência cardíaca ou infecções. Pode estar associada a hipocalemia, hipomagnesemia, hiponatremia, tromboembolismo pulmonar, câncer, valvopatias ou pos-operatório.

                O tratamento é direcionado para doença de base, porém o uso de bloqueador de canais de cálcio (como verapamil) e betabloqueadores podem obter bom controle da freqüência cardíaca ou revertê-la para ritmo sinusal. Deve-se repor potássio e magnésio, alem de evitar o uso de digitais (não é efetiva e pode ocorrer intoxicação digitálica) e suspender medicações que causam irritabilidade atrial como a teofilina.