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Eletrocardiograma 31

Quadro Clínico

Paciente de 72 anos com insuficiência cardíaca em tratamento com queixa de fadiga.

 

Eletrocardiograma do paciente

 

Ver diagnóstico abaixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Interpretação

 

  1. Ritmo irregular, FC = 110
  2. Intervalo PR variável e onda P com morfologia diferente da onda P sinusal, numa freqüência maior que o QRS (ver em DII longos que algumas ondas P não conduzem e entalham o QRS).
  3. QRS de duração e orientação normal
  4. Infradesnível do segmento ST de 1mm em V4-V6 e DII,DIII,AVF
  5. Alterações da repolarização ventricular (onda T “em colher”)
  6. Ritmo = Taquicardia Atrial

 

Diagnóstico

            Taquicardia Atrial com condução atrioventricular variável por Intoxicação digitálica.  A presença de taquicardia atrial com condução variável é o achado mais comum na toxicidade por digitais.

 

Comentários

            O uso de digoxina pode ser visualizado através de achados ao eletrocardiograma como alterações difusas da repolarização ou infradesnível do ST.

 

  • Ação Digitálica – Infradesnível do segmento ST, inversão de onda T ( onda T em “colher de pedreiro”), diminuição do QTc.
  •  

    Eletrocardiograma mostrando o efeito digital (T em colher)

     

    A intoxicação digitálica acontece com freqüência, já que o intervalo entre os níveis terapêuticos e tóxicos é muito pequeno. A toxicidade pelo digital tornou-se menos comum pelo uso de doses mais baixas, maior previsibilidade da biodisponibilidade e surgimento de novas drogas para tratamento da insuficiência cardíaca e taquicardia supraventricular, porém ainda ocorre em nosso meio.

                A mortalidade em diferentes estudos varia de 3 a 40%. A mortalidade nos pacientes com toxicidade severa diminui com o uso do fragmento de anticorpo digoxina-específico.

    Os sintomas clínicos mais comuns de superdosagem são anorexia, náusea e vômitos, visão embaçada e desorientação. A manifestação miocárdica mais importante e comum da intoxicação digitálica é a arritmia cardíaca. Freqüentemente, o diagnóstico clínico de intoxicação digitálica torna-se difícil em pacientes com patologias cardíacas graves, pois a maioria das manifestações pode ser causada pela doença ou por drogas. Por isso, a dosagem de digoxina sérica é especialmente útil na interpretação de arritmias nos pacientes que fazem uso de digital.

     

  • Quadro clínico
  • ü  inespecífico.

    ü  fadiga.

    ü  visão turva.

    ü  distúrbio de percepção da cor.

    ü  náusea e vômitos.

    ü  diarréia e dor abdominal.

    ü  cefaléia, vertigem.

    ü  confusão, delirium.

    ü  arritmias.

     

  • Fatores de Risco de intoxicação
  • ü  Insuficiência renal.

    ü  Fatores metabólicos (hipocalemia, hipomagnesemia, hipernatremia, hipercalcemia, hipoxemia ,distúrbio ácido-basico e hipertireoidismo).

    ü  Fármacos: quinidina, ciclosporina - reduzem excreção de digoxina; tiazídicos e diuréticos de alça - predispoem a intoxicação por hipopotassemia; espironalactona - aumenta sua meia-vida; cimetidina - inibe metabolismo.

    ü  Aumento de sensibilidade: idosos, isquemia ativa, miocardites, cardiomiopatia, amiloidose cardíaca, cor pulmonale.

     

    As maiores causas de intoxicação digitálica são a depleção de potássio e a diminuição da função renal com a idade. Alterações da função renal, hipercalcemia, alcalose, mixedema, hipomagnesemia, infarto do miocárdio recente, hipóxia e hipocalemia podem aumentar a sensibilidade aos efeitos tóxicos da digoxina. O uso de drogas como quinidina, verapamil, amiodarona, ciclosporina, espironolactona, entre outras, pode aumentar os níveis séricos por diminuição do clearance da digoxina.

     

  • Os principais achados de toxicidade digitálica são:
  •  

    ü  Taquicardia atrial com condução variável. Pode ocorrer bloqueio atrioventricular e aumento do automatismo atrial, juncional ou ventricular.

    ü  O bloqueio na condução AV pode ocorrer devido a efeito vagotônico e mecanismo celular direto do digital.

    ü  Há também efeito na bomba de sódio-potássio com aumento da concentração do sódio intracelular e maior saída de cálcio.

     

  • Arritmias:
  • ü  Taquicardia atrial: arritmia mais freqüente, associada à freqüência ventricular baixa devido a bloqueio AV.

    ü  Fibrilação atrial e Flutter atrial

    ü  Bloqueio AV 2º grau: freqüentemente Mobitz I.

    ü  Taquicardia Juncional: excitabilidade do tecido juncional.

    ü  Extrassístole ventricular: excitabilidade do sistema His-Purkinje.

    ü  Taquicardia e Fibrilação ventricular: excitabilidade ventricular.

     

  • Tratamento
  • ü  identificação da intoxicação.

    ü  intervenção precoce.

    ü  Lavagem gástrica se ingestão há menos de 1 hora.

    ü  carvão ativado – 6-8hs.

    ü  corrigir distúrbios eletrolíticos.

    ü  bradiarritmias: atropina, marcapasso.

    ü  taquiarritmias : controle de frequência cardíaca ou cardioversão

    ü  a hemodialise não diminue o nível sérico de digoxina.

    ü  em algumas situações tais como ingestão de mais de 10mg, nível sérico maior que 6ng/ml, bradicardia progressiva e bloqueio atrioventricular total e taquicardia ventricular pode-se utilizar o anticorpo digoxina-específico.