Paciente de 47 anos, assintomático, realizando exames de check-up. Fez Ecocardiograma que se mostrou normal, porém apresentava o seguinte ECG. Qual o diagnóstico ?
Ver diagnóstico abaixo
1- Ritmo sinusal;
2- PR- 120 ms;
3- QRS < 100ms;
4- QTC-430ms;
5- Eixo + 30°
6- Alterações difusas da repolarização ventricular – observadas principalmente em precordiais esquerdas – com ondas T simétricas “gigantes” invertidas com mais de 10 mm + padrão Strain.
Miocardiopatia Hipertrófica Apical (Yamagushi), inicialmente não vista pelo ecocardiograma, mas confirmada pela ressonância cardíaca, conforme podemos visualizar nas imagens abaixo.
É a forma de cardiomiopatia hipertrófica que acomete a ponta, caracterizada pela presença de ondas T gigantes (>10 mm) nas precordiais (V2-V5) e sinais eletrocardiográficos sugestivos de hipertrofia ventricular esquerda (R V5>26mm e S V1 + R V5>35mm), que poderá ser confirmada pelo encontro do formato em “naipe de espadas” na silhueta do ventrículo esquerdo.
Embora a maioria dos doentes com MCH apresente alterações do ECG, o achado de ondas T invertidas nas derivações precordiais é característico da variante apical, estando presente em mais de 90% dos casos, com amplitude muitas vezes superior a 10 mm, critério usado para defini-las como “gigantes”.
A função diastólica encontra-se freqüentemente alterada em virtude da diminuição do relaxamento ventricular, com redução do enchimento inicial e maior participação da contração atrial no volume ventricular. O prolongamento do tempo de relaxamento e o aumento da pressão do enchimento (pd2) pode induzir dispnéia de esforço. Por outro lado, o aumento da Pd2 e a maior contribuição da participação atrial no enchimento diastólico podem acarretar aumento da dimensão da câmera atrial e desencadear fibrilação atrial.
A via apical do ecocardiograma transtorácico é decisiva para não ocorrer falha no diagnóstico da variante apical da MCH. O apex do ventrículo esquerdo é classicamente referido como uma zona de difícil visualização por ecocardiografia transtorácica. Embora essa afirmação não seja tão verdadeira hoje como há alguns anos, devido a melhor resolução proporcionada pelos equipamentos atuais, o diagnóstico pode ser difícil ou impossível nos casos de envolvimento assimétrico dos segmentos apicais ou quando se coloca o diagnóstico diferencial com trombos. Outros fatores importantes na falha do diagnóstico ecocardiográfico são: a experiência do operador e o fato de haver ou não uma suspeita clínica explícita.
A ressonância magnética cardíaca (RMC) é uma técnica em expansão, descrita como superior à ecocardiografia para a detecção e quantificação da espessura parietal do ventrículo esquerdo. Num estudo de 48 doentes com MCH, a RMC permitiu identificar hipertrofia em três casos (6%) não identificados pela ecocardiografia . Esta técnica ainda não está disponível na maioria dos centros.
Nos casos em que o ecocardiograma transtorácico é não diagnóstico ou duvidoso, o uso de contraste endovenoso e/ou a ressonância magnética podem confirmar o diagnóstico.
Prognóstico - Desde sua descrição, os diversos trabalhos têm demonstrado ser este tipo de CMH de melhor prognóstico do que o tipo assimétrico. Enquanto o tipo assimétrico tem incidência anual de mortalidade entre 2 a 3%, o tipo apical tem evolução mais benigna. Os pacientes que apresentam envolvimento associado ou isolado da ponta do VD têm prognóstico sombrio.