Homem de 50 anos com antecedente de insuficiência cardíaca, em uso de captopril e furosemida.
Ver diagnóstico abaixo
1. Ritmo sinusal;
2. PR-120ms;
3. QRS <100ms;
4. Eixo 60° +;
5. Alterações difusas da repolarização ventricular - diminuição da amplitude da onda T, em algumas derivações achatamento e até inversão. Aumento da amplitude da onda U visualizada principalmente em derivações precordiais com depressão do ST e infradesnivelamento do ponto J.
Hipocalemia
A hipocalemia por definição é a concentração de potássio sérico menor que 3.5 mmol/L (mEq/L). Uma concentração menor que 2 mmol/L é considerada como hipocalemia grave. O potássio é um importante íon encontrado no organismo e é um dos principais responsáveis pela estabilidade e excitabilidade de células nervosas, musculares e sistemas condutores ou geradores de impulso elétrico. Essas ações são determinadas por meio de variações em sua concentração intra e extracelulares. Sua maior importância reside no fato de essas células e sistemas serem muito sensíveis a pequenas e rápidas modificações desse gradiente, o que acarreta graves conseqüências, praticamente imediatas, na vida do paciente. Ou seja, pequenas alterações na concentração sérica desse íon podem levar a grandes efeitos no ritmo cardíaco e na função cardiovascular.
Etiologia: é resultante de uma série de fatores, como diminuição da ingestão ou aumento das perdas ou da transferência para dentro da célula. As causas mais comuns de hipocalemia incluem: a) perdas gastrointestinais (diarréia ou uso de laxantes); b) perdas renais (hiperaldosteronismo, diuréticos espoliadores de potássio, anfotericina B e outros fármacos); e c) deslocamento para o intracelular (alcalose) e desnutrição.
Manifestações clínicas: Os sintomas de hipocalemia incluem: tonturas, fadiga, paralisias, dispnéia, lesão muscular com rabdomiólise, obstipação intestinal e cãibras. A hipocalemia exacerba os sinais e sintomas da intoxicação digitálica. Portanto, a hipocalemia deve sempre ser lembrada e corrigida nos pacientes em uso de digital.
Eletrocardiograma: A hipocalemia altera o potencial de repouso da membrana e lentifica a repolarização. Estas alterações se refletem no eletrocardiograma pela depressão do segmento ST, achatamento da onda T e elevação da onda U (raramente). A ausência de onda T visível e a presença da onda U podem parecer como um prolongamento de QT. A onda T pode se apresentar com amplitude diminuída, achatada e até invertida (casos graves). Pode haver aumento da amplitude da onta U (visualizada principalmente de v2 a v5) e pode ocorrer depressão do segmento ST com infradesnivelamento do ponto J.
O tratamento da hipocalemia inclui minimizar as perdas de potássio e aumentar a reposição. A reposição por via intravenosa está mais indicada na presença de arritmias ou na hipocalemia severa (K+ < 2,5 mEq/l). Nas situações de emergência, a administração de potássio pode ser empírica. Quando indicado, pode-se repor, no máximo, 10 mEq a 20 mEq/hora, mantendo-se monitorização eletrocardiográfica contínua. Pode-se usar acesso venoso central ou periférico. No acesso central, pode-se utilizar uma solução mais concentrada de K+, cuidando-se para que o cateter não chegue até o átrio direito. Na parada cardíaca por hipocalemia, pode ser utilizada reposição rápida. Infusão inicial de 10 mEq, por via intravenosa, em 5 a 10 minutos, seguida de 2 mEq/min. Depois que o paciente estiver estabilizado, pode-se iniciar reposição mais gradual. A correção gradual da hipocalemia é preferível à correção rápida, a menos que o paciente esteja clinicamente instável.