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Eletrocardiograma 68

Quadro Clínico

Homem de 30 anos realizou correção de defeito do septo atrioventricular. Estes eletrocardiogramas foram realizados no 3° PO.

 

Eletrocardiogramas

 

 

 

 

 

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Diagnóstico

Pericardite aguda em pós operatório de cirugia cardíaca com presença de supradesnível de ST difuso (devio a inflamação epicárdica difusa) e infradesnível de PR, muito específico de pericardite aguda, que ocorre devido à inflamação epicárdica atrial.

 

Discussão

            A formação de derrame pericárdico no pós-operatório de cirurgia cardíaca é um problema comum na prática clínica (50% a 85% dos pacientes desenvolvem derrame após cirurgia). O tamponamento cardíaco, a complicação mais temida, ocorre em aproximadamente 2% dos pacientes e é observada mesmo entre aqueles que têm um curso subagudo e estão além de 7 dias após a cirurgia. A patogênese do derrame no pós-operatório não é completamente compreendida. Derrames precoces (dentro de 5 a 7 dias após a cirurgia), provavelmente estão relacionados ao sangramento pericárdico e trauma na manipulação, enquanto efusões tardias são consideradas uma possível conseqüência de pericardite. Estes derrames frequentemente caracterizam a síndrome pós-pericardiotomia.

            A síndrome pós-pericardiotomia foi inicialmente descrita como uma condição que se seguiu à cirurgia para estenose mitral reumática e defeitos cardíacos congênitos. A patogênese dessa síndrome se presume ser auto-imune, mas hipóteses alternativas implicam infecção adquirida. O diagnóstico requer a presença de pelo menos 2 dos seguintes: febre que dura além da primeira semana do pós-operatório sem outras causas, dor pleurítica/atrito, derrame pleural, e aparecimento ou agravamento do derrame pericárdico.

            O tratamento é empírico e envolve o uso de antiinflamatórios não esteróides (AINEs), corticosteróides ou colchicina. Apesar de derrames sintomáticos requererem tratamento, nos derrames assintomáticos essas medidas são controversas.

            O diagnóstico diferencial é com infarto agudo do miocárdio e repolarização precoce. Em relação ao primeiro, a diferença é que na pericardite existe uma elevação difusa do segmento ST sem infradesnivelamento recíproco ("imagem em espelho"). Já com a repolarização precoce, que é uma variante normal e também pode causar elevação disseminada do ST, deve-se observar a relação ST/T. Na repolarização precoce as ondas T são apiculadas e a relação geralmente encontra-se < 0,25. Na pericardite essa relação é maior. Outro achado de extrema especificidade para pericardite é a depressão do PR.

 

                     Estágio 1: acompanham o início da dor e 90% dos pacientes apresentam supradesnivelamentode ST com concavidade para cima, exceto em AVR e V1.

                     Estágio 2: ocorre alguns dias depois. Retorno do ST à linha de base, acompanhado pelo achatamento da onda T.

                     Estágio 3: inversão da onda T de modo que o vetor se torne oposto ao do ST; não há ondas Q ou diminuição das ondas R.       

                     Estágio 4: ocorre semanas ou meses depois, com reversão das ondas T ao normal.

                     Pericardite com Derrame: o ECG pode mostrar baixa voltagem, depressão do segmento PR e alternância do complexo QRS. Tais alterações são sugestivas, porém não diagnósticas, pela baixa sensibilidade.