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Eletrocardiograma 85

Quadro Clínico

Mulher de 58 anos, com diagnósticos de hipertensão arterial, obesidade, apnéia obstrutiva do sono e miocardiopatia hipertensiva com Fração de Ejeção de 20%. Deu entrada no pronto socorro por insuficiência cardíaca descompensada, com perfil frio e úmido, tendo sido iniciado dobutamina. Avaliada para transplante cardíaco, durante preparo para colonoscopia, apresentou parada cardiorrespiratória.

 

Eletrocardiograma da paciente

 

Ver diagnóstico abaixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diagnóstico

Morte Súbita Arrítmica – Fibrilação Ventricular

 

Discussão

A morte súbita de causa cardíaca é responsável por 50% de todas as mortes ocasionadas pelas doenças circulatórias. O mecanismo mais comum são as arritmias ventriculares, freqüentemente desencadeadas por eventos coronarianos agudos, podendo ocorrer em pessoas sem doença conhecida ou em associação com doença cardíaca estrutural. A taquicardia ventricular, degenerando para fibrilação ventricular, e após para assistolia, parece ser o mecanismo fisiopatológico mais comum envolvido na gênese dessas arritmias fatais.

Das mortes súbitas cardíacas, 85% a 90% são decorrentes de um primeiro evento arrítmico, e as 10% a 15% restantes, a eventos recorrentes. Assim, é de suma importância que se tomem as seguintes medidas:

 

1)  preventivas contra o primeiro evento (prevenção primária);

2)  ativas para o controle imediato das paradas cardiorrespiratórias;

3)  medidas que evitem a repetição do evento arrítmico (prevenção secundária).

 

Pacientes com insuficiência cardíaca (IC) apresentam maior risco de mortalidade global e podem morrer subitamente de arritmia, a despeito do uso de medicamentos comprovadamente úteis, como betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e espironolactona. O estudo SCD-HeFT (Sudden Cardiac Death in Heart Failure Trial - Morte Súbita em Pacientes com Insuficiência Cardíaca) testou o efeito adicional da amiodarona e de um cardiodesfibrilador implantável (CDI) na prevenção primária de morte súbita em pacientes com IC em classe funcional II-III da New York Heart Association (NYHA) e fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) de 35% ou menos. A evolução dos pacientes no grupo de amiodarona foi semelhante à do grupo de placebo, enquanto o implante de CDI foi associado com redução significativa (23%) na mortalidade global após cinco anos de acompanhamento. Em conformidade com esses achados, o estudo MADIT-II demonstrou menor mortalidade após o implante de CDI em pacientes com infarto do miocárdio prévio e FEVE reduzida. Esses resultados concordantes levaram a uma expansão das indicações de CDI profilático em pacientes com grave comprometimento da FEVE.

Entretanto, a implementação dessa terapia representa um impacto econômico significativo. Provavelmente, esse é o maior impedimento à ampla adoção da terapia com CDI para prevenção primária de morte súbita em pacientes com IC no sistema de saúde brasileiro.