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Área hipoatenuante em cerebelo

Especialidades: Medicina de Emergência / Neurologia

 

Quadro clínico

Paciente do sexo masculino, 48 anos de idade, portador de FA em uso apenas de propranolol 20 mg VO a cada 8 horas, procurou pronto-socorro com quadro de início súbito há 5 horas da chegada de vertigem intensa e diplopia. Foi feita tomografia de crânio, mostrada na Imagem 1.

 

Imagem 1. Tomografia de crânio.

 

 

Diagnóstico e discussão

O laudo desta tomografia de crânio evidenciava área hipodensa córtico-subcortical na porção superior do hemisfério cerebelar direito, associada a apagamento das fissuras cerebelares e das cisternas quadrigeminal/ambientes adjacentes, bem como do IV ventrículo. O aspecto é compatível com insulto isquêmico recente.

Em virtude da fibrilação atrial que o paciente tinha, ele foi submetido a ecodopplercardiograma que mostrou imagem hiperecogênica aderida à parede livre do átrio esquerdo, compatível com trombo.

Sendo assim, chegou-se ao diagnóstico deacidente vascular cerebelar de origem cardioembólica, sendo prescrita anticoagulação plena, iniciada com enoxaparina.

Importante relembrar que cerca de 20% dos eventos isquêmicos encefálicos envolvem o território posterior da circulação (vertebrobasilar), como neste caso apresentado.

As causas mais comuns de eventos isquêmicos deste território são aterosclerose, embolia e dissecção. A dolicoectasia (alongamento e tortuosidade) das artérias vertebrais e basilar são também uma possível causa, entretanto mais rara.

Infartos cerebelares com maior acometimento medial do território da artéria cerebelar posteroinferior normalmente causam uma síndrome vertiginosa que é muito semelhante a uma vestibulopatia periférica. Os maiores achados clínicos são de vertigem intensa e nistagmo proeminente. Alguns pacientes também podem relatar a sensação de “pulsos magnéticos” no tronco, do lado ipsilateral da lesão.

 

Bibliografia

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