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Imagem – Infiltrado Bilateral Micronodular

Especialidades: Infectologia/Pneumologia/Medicina de Emergência

 

Quadro Clínico

         Paciente do sexo masculino, 52 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica em controle ambulatorial com uso de hidroclorotiazida 25mg/dia e enalapril 10mg 12/12h, procurou atendimento médico com história de perda ponderal há três meses e episódios febris eventuais no período de até 39oC. Relata dispneia progressiva no período não relacionada a esforços, sem dispneia paroxística noturna e sem ortopneia. Ao exame físico chamava atenção a presença de FR=26cpm, FC98bpm, normotenso, afebril, SatO2 em ar ambiente de 91%, ausculta pulmonar com roncos difusos e ausculta cardíaca normal, sem edema periférico. Realizou radiografia de tórax e a seguir tomografia computadorizada do seguimento torácico, imagens apresentadas a seguir.

 

Imagem 1 – Radiografia simples de tórax

 

 

 

Imagem 2 – Tomografia computadorizada de tórax

 

 

Diagnóstico e Discussão

        Este paciente apresentava na radiografia simples de tórax um infiltrado reticular bilateral, que na tomografia de tórax fica mais evidente qual seu padrão, conforme descrição do laudo do radiologista:

 

- Múltiplos nódulos centrolobulares de distribuição aleatória pelo parênquima pulmonar. Tal achado pode ser decorrente de processo infeccioso de etiologia micobacteriana.

 

        Este paciente foi diagnosticado como portador de tuberculose miliar e foi iniciado tratamento apropriado com esquema RIPE.

A tuberculose miliar é uma doença resultante da disseminação hematogênica do agente Mycobacterium tuberculosis. Originalmente se referia a uma descrição patológica, e depois radiológica, mas hoje é usada para todas as formas progressivas e difusas de tuberculose com disseminação hematogênica. Normalmente esta forma tem origem em uma infecção primária progressiva, ou por reativação de um foco latente.

        A apresentação clínica é bastante variável, e tende a ser subaguda ou crônica na maioria dos casos, sendo que a média de tempo dos sintomas é de dois meses. Apresentação com evolução aguda tende a ser mais comum em infecções primárias, porém nestes casos a doença tende a ser mais grave, podendo ocorrer falência de múltiplos órgãos e SARA, sendo que algumas séries apontam que 2% dos casos de SARA podem ser atribuíveis a tuberculose miliar.

        Acometimento pulmonar é a forma mais comum, ocorrendo em 50% dos pacientes com tuberculose miliar. Os achados mais frequentes nestes casos incluem dispneia, tosse, roncos e estertores na ausculta pulmonar, sendo comum haver hipoxemia. Em alguns casos pode haver acometimento pleural associado. Os sítios extrapulmonares mais comuns são o sistema linfático, ossos e o fígado.

 

Bibliografia

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