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Fatores de Risco para Quedas em Idosos

Caso

 

Você recebe,em seu consultório, uma senhora de 74 anos para uma consulta, e, durante aconversa, ela relata uma queda há cerca de três meses, e outras duas quedas noúltimo mês. A única coisa que de ela consegue se lembrar melhor é de que nanoite anterior de uma das quedas do último mês ela havia tomado uma medicação?para ajudar a dormir?. Quais riscos devem ser mapeados nesse caso para avaliaras quedas nessa paciente, pensando em como evitar novos episódios no futuro quepossam ser mais graves?

 

Discussão

 

Uma queda édefinida como um evento inesperado em que o paciente vai ao chão (como cairandando, uma queda da própria altura) ou nível inferior (como cair de uma cama,por exemplo). Elas ocorrem pelo menos uma vez por ano em 29% dos adultos com 65anos ou mais residentes em asilos ? uma taxa de 0,67 queda por pessoa por ano.Estudos de base populacional sugerem que 10% dos adultos mais velhos caem pelomenos duas vezes por ano; presume-se que os pacientes que visitam regularmenteos consultórios médicos têm maior probabilidade de pertencer a esse grupo de altorisco, dada a prevalência de doenças e deficiências que aumentam o risco dequedas. Após caírem, cerca de 25% dos idosos restringem sua atividade por pelomenos um dia ou precisam ir a atendimento médico. Lesões mais graves, comofraturas, luxações articulares, entorses ou distensões e concussões, ocorrem emaproximadamente 10% das quedas.

É importantedestacar que tanto a American Geriatrics Society quanto a British GeriatricsSociety recomendam a triagem anual para o risco de quedas entre pacientes com65 anos de idade ou mais. É importante perguntar ativamente sobre o número dequedas no último ano e se o medo de cair limita as atividades diárias. Outraforma de fazer uma triagem é realizando um teste Timed Up and Go, em queum tempo de execução de = 12 segundos indica risco aumentado de quedas. Alémdisso, é preciso abordar fatores de risco envolvidos nas quedas domiciliares deidosos. Como podemos ver na Tabela 1, há maior associação com quedas para asalterações de marcha e de equilíbrio, além da polifarmácia e uso de psicóticos.Por sua vez, perigos ambientais parecem ter menor relevância.

Não podemosesquecer que uma história de duas quedas ou mais no ano anterior, uma visita aum serviço de emergência devido a uma queda no ano anterior ou uma queda no anoanterior combinada com evidente problema de equilíbrio ou problema de caminhada(por exemplo, teste Timed Up and Go positivo) são marcadores de altorisco que justificam intervenção multifatorial.

 

Tabela1 ? Fatores de risco paraquedas

 

Fator de risco

Odds ratio (IC 95%)

Déficit do equilíbrio

1,98 (1,60-2,46)

Alterações de marcha

2,06 (1,82-2,33)

Déficit visual

1,35 (1,18-1,54)

Hipotensão ortostática

1,50 (1,15-1,97)

Polifarmácia (= 5 medicamentos prescritos)

1,75 (1,27-2,41)

Antipsicóticos

2,30 (1,24-4,26)

Antidepressivos

1,48 (1,24-1,77)

Benzodiazepínicos

1,40 (1,18-1,66)

Diuréticos de alça

1,36 (1,17-1,57)

Dificuldade com atividades de vida diária

1,56 (1,22-1,99)

Dificuldade com atividades instrumentais

1,46 (1,20-1,77)

Demência

1,32 (1,18-1,49)

Sintomas depressivos

1,49 (1,24-1,79)

Perigos domiciliares (= 2 como: tapetes soltos, cabos elétricos soltos, área escorregadia, iluminação ruim)

1,15 (0,97-1,36)

 

 

Bibliografia

 

1.            Ganz DA, Latham NK. Prevention of Falls inCommunity-Dwelling Older Adults. N Engl J Med 2020; 382:734-743.

2.            Bergen G, Stevens MR, Burns ER. Falls and fallinjuries among adults aged =65 years ? United States, 2014. MMWR Morb MortalWkly Rep 2016;65:993-8.

3.            Deandrea S, Lucenteforte E, Bravi F, Foschi R,La Vecchia C, Negri E. Risk factors for falls in community-dwelling olderpeople: a systematic review and metaanalysis. Epidemiology 2010;21:658-68.