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Paciente de 24 Anos de Idade Sexo Feminino com Febre

Paciente dosexo feminino, 24 anos de idade, com sequela de paralisia cerebral, limitada aoleito, mas sem cardiopatia prévia. Evoluindo com quadro de 2 meses de queda doestado geral e episódios de dor abdominal. Há 4 dias com quadro de febre emal-estar e piora dos sintomas. Chegou ao departamento de emergência com FC:110 b.p.m. e PA: 105 x 60 mmHg, com boa perfusão. Na investigação, realizouexames que mostraram leucocitose (18.000 leucócitos com 90% de neutrófilos) eprovas inflamatórias aumentadas. Exame de ultrassonografia abdominal mostrou litíasebiliar, mas sem sinais de colecistite. Realizou ecocardiografia à beira doleito, que mostrou função ventricular normal e pequeno derrame pericárdico. Nahemocultura, crescimento de cocos Gram-positivos, introduzindo-se inicialmentevancomicina devido à possibilidade de enterococos, considerando o quadro de dorabdominal.

Evoluiurapidamente com quadro de instabilidade hemodinâmica, necessitando de drogavasopressora. Na cultura, crescimento de S. aureus meticilino-sensível. Assim,foi trocada antibioticoterapia para oxacilina 2 g a cada 4 horas. Repetiu oecocardiograma três dias após; desta vez, o derrame pericárdico agora era moderadoe sem sinais de restrição ou endocardite. Evoluiu com piora e disfunção renal(creatinina 2,5 mg/dL), e foi introduzida piperacilina-tazobactam. Repetiu aecocardiografia, que mostrou o achado no vídeo anexo.

O vídeodemonstra derrame pericárdico significativo com colapso do enchimento doventrículo direito, indicando tamponamento cardíaco. Foi realizada punçãopericárdica guiada pelo ecocardiograma, que mostrou o seguinte líquido.

 


Podemosobservar líquido de característica purulenta, indicativo de pericarditepurulenta bacteriana, no caso associada ao S. aureus, que também haviasido identificado em hemocultura. O S. aureus é a causa bacteriana maiscomum de pericardite, respondendo por pouco mais de 30% dos casos.

A paciente nãotinha fatores importantes para desenvolver bacteremia por S. aureus, nãoapresentava cateter venoso central ou periférico, não fazia diálise, nem haviautilizado antibióticos de amplo espectro recentemente. Apresentava úlcera depressão, mas sem sinais de infecção. A correlação dos sintomas de 2 meses com abacteremia é difícil de realizar, pois a bacteremia por S. aureuscostuma ter evolução muito aguda.

A pericarditepurulenta é uma doença potencialmente grave, com evolução rápida, e 40 a 75%dos pacientes evoluem com tamponamento cardíaco. Pericardite constritiva ocorreem pelo menos 3,5% dos pacientes, com séries chegando a mais de 30%, e amortalidade varia entre 20 e 30%. O manejo é feito com drenagem pericárdica e antibioticoterapia,mantida pelo menos até melhora da febre, resolução da leucocitose enormalização de provas inflamatórias.