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Editorial MedicinaNET - Abril - 2016

Ele voltou. Será mesmo?

Vivemos uma crise nacional de saúde pública quando pensamos na dengue, no Chikungunya e no Zika. Os noticiários estão recheados de informações semanais sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes e os dados se acumulam tanto quanto os casos. Há pânico (não sem razão) principalmente à luz dos últimos fatos da relação do Zika com microcefalia ou outras doenças graves, mas raras como a Síndrome de Guillain Barré.

Mas parece que mais alguém voltou, e em momento incomum. Nas últimas semanas vemos o noticiário se encher de casos de mortes por H1N1, um subtipo do Influenza A. As mortes estão mais concentradas no estado de São Paulo,  principalmente no interior, tendo os casos sendo predominantemente em adultos.

Mas ainda não podemos considerar surto ou epidemia de H1N1. O que temos é uma epidemia de informações desencontradas e de pânico populacional motivado pelos meios de comunicação.

A verdade é que tivemos de fato algumas mortes notificadas em uma época não esperada, que é este final de verão transitando para o outono. Normalmente, vemos a temporada de gripes se iniciando na segunda metade de abril e indo até agosto, no final do inverno.  De fato, um movimento precoce do vírus. Por outro lado, não temos nada mais do que um vírus que agora é endêmico, após  de fato pandemia de 2009.

Não acredito na explicação veiculada para o suposto aumento de casos, de que “mais pessoas viajaram para o hemisfério Norte” e que então elas teriam trazido o H1N1. Esse foi o ano em que menos brasileiros viajaram para o exterior dado o cenário de crise econômica.

De plano de fundo temos algumas questões a ressaltar. A primeira é que provavelmente baixamos a guarda nos últimos anos. Deixamos de pensar no H1N1 como ameaça e isso é suficiente para que o vírus volte a causar casos fora da curva. Isso se reflete após os dados de vacinação para Influenza em grupos de risco no estado de São Paulo demonstrarem uma baixa nos últimos anos. Além disso, o foco nos repelentes e nas doenças causadas pelo Aedes fez as pessoas esquecerem de algo mais comum e de transmissão muito mais fácil que é a gripe. E por último, o desconhecimento dos profissionais sobre o Influenza e sobre o status do H1N1 no mundo gera informações desencontradas. A mídia só pulveriza isso, e em tempos de redes sociais, a coisa viraliza mesmo, com o perdão do trocadilho. Só o tempo dirá se estamos mesmo diante de um surto ou de uma crise. Por hora, lavem as mãos e vacinem os grupos de risco. E só.

 

Os Editores.