Contexto Clínico
O tempo do clampeamento do cordão umbilical sempre traz muitas controvérsias e, especificamente em bebês pré-termo, talvez possa existir um benefício em se demorar mais tempo para realizá-lo.
O Estudo
Este é um ensaio clínico no qual os pesquisadores randomizaram mulheres com fetos que nasceram com menos de 30 semanas de gestação para clampeamento imediato do cordão umbilical (=10 segundos após o parto) ou clampeamento retardado (=60 segundos após o parto). O resultado composto primário foi morte ou grande morbidade (definida como lesão cerebral grave na ultrassonografia pós-natal, retinopatia grave da prematuridade, enterocolite necrotizante ou sepse tardia) até 36 semanas de idade pós-menstrual.
As análises foram realizadas com base na intenção de tratar. Dos 1.634 fetos submetidos à randomização, 1.566 nasceram vivos antes das 30 semanas de gestação; destes, 782 foram atribuídos ao clampeamento imediato do cordão e 784, ao clampeamento do cordão atrasado. O tempo médio entre o nascimento e o clampeamento do cordão foi de 5 segundos e 60 segundos nos respectivos grupos. Os dados completos sobre o resultado primário estavam disponíveis para 1.497 crianças (95,6%).
Não houve diferença significativa na incidência do desfecho primário entre lactentes atribuídos ao clampeamento tardio (37,0%) e aqueles submetidos ao clampeamento imediato (37,2%) (risco relativo, 1,00; IC 95%, 0,88 a 1,13; P = 0,96). A mortalidade foi de 6,4% no grupo de clampeamento tardio e 9% no grupo de clampeamento imediato (P = 0,03 em análises não ajustadas, P = 0,39 após ajuste post hoc para múltiplos resultados secundários).
Aplicação Prática
Ao menos com base nesse importante ensaio clínico, entre os recém-nascidos prematuros, o clampeamento tardio do cordão umbilical não resultou em menor incidência do resultado combinado da morte ou maior morbidade até 36 semanas de gestação do que o bloqueio imediato do cordão. Sendo assim, pelo menos por hora, não se deve adotar essa prática.
Bibliografia