Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 01/06/2011
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Nova lock-terapia para prevenção de infecção e trombose em cateteres de diálise
Área de Atuação: Medicina Ambulatorial / Medicina Hospitalar / Segurança do Paciente & Qualidade Assistencial
Especialidades: Nefrologia / Infectologia
Infecções de corrente sanguínea e trombose são complicações importantes em pacientes portadores de cateteres de longa permanência como os cateteres de diálise. Uma estratégia para evitar esses eventos adversos que levam a graves infecções ou perda do acesso é o uso de lock-terapia (em que o cateter é preenchido) com soluções antimicrobianas e anticoagulantes, ou ambas. Atualmente, a heparina é muito usada, mas acabam acontecendo muitos sangramentos locais, o que promove também a infecção dos cateteres em decorrência da formação de biofilmes.
Este é um ensaio clínico multicêntrico, prospectivo e randomizado conduzido em 25 clínicas de diálise nos EUA. Os pacientes selecionados foram seguidos por 6 meses. Os pesquisadores testaram uma solução anticoagulante/antisséptica para lock-terapia que continha citrato de sódio, azul de metileno, metilparabeno e propilparabeno, comparando-a com heparina. Foram estudados 407 pacientes com IRC dialítica (201 no grupo intervenção), em um total de 49.565 cateter-dia.
O grupo da intervenção teve uma menor taxa de infecções por cateter: 0,24 x 0,82 infecções/1.000 cateter-dia. Isso levou a um risco relativo de 0,29 (IC95%: 0,12 a 0,70; P=0,005). O número necessário para tratar (NNT) foi de 15 (15 pacientes precisam usar a lock-terapia do grupo intervenção para evitar 1 infecção). Ocorreram 4 perdas de cateter no grupo controle da heparina contra nenhuma perda no grupo intervenção (P=0,04). Não houve diferença de mortalidade ou de eventos adversos nos 2 grupos.
Vale dizer que o estudo foi patrocinado pela empresa que produz a solução do estudo e que 2 dos autores têm relação com esta empresa.
A solução de lock-terapia utilizada no estudo parece ter tido bom resultado em relação à heparina. O benefício maior ocorreu quanto ao desfecho de infecções relacionadas aos cateteres, com uma queda do risco de infecção nos pacientes que utilizaram a solução proposta. Seria interessante que houvesse uma análise do custo poupado com as infecções que provavelmente foram evitadas, fazendo uma relação de custo-efetividade desta solução, já que a heparina utilizada no grupo-controle é uma droga extremamente barata. Vale ressaltar que a atividade antimicrobiana desta solução não é baseada em antibióticos, o que evita o risco de gerar resistência bacteriana. Ainda é necessário que ocorram mais estudos com esta solução proposta e que seja feita essa análise de custo-efetividade, porém parece ser uma intervenção promissora que, em breve, pode vir a ser utilizada com grande benefício, já que ao prevenir infecções neste tipo de paciente, evitam-se também endocardites, trocas de acesso (que não são isentas de risco) e os altos custos de antibioticoterapia.
1. Maki DG, Ash SR, Winger RK, Lavin P; for the AZEPTIC Trial Investigators. A novel antimicrobial and antithrombotic lock solution for hemodialysis catheters: A multi-center, controlled, randomized trial. Crit Care Med 2011 Apr; 39:613.
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