Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 29/11/2017
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Contexto Clínico
Vive-se, hoje em dia, uma realidade em que diversos novos anticoagulantes orais se tornaram disponíveis aos médicos para uso em diversas situações de tratamento e profilaxia de eventos trombóticos. O problema apontado diante dessas novas medicações é a ausência de reversão da anticoagulação. O idarucizumabe, um fragmento de anticorpo monoclonal, foi desenvolvido para reverter o efeito anticoagulante do dabigatrana. É apresentado, aqui, o estudo que buscou validar seu uso.
O Estudo
Foi realizado um estudo multicêntrico, prospectivo e aberto para determinar se 5g de idarucizumabe intravenoso poderiam reverter o efeito anticoagulante do dabigatrana em pacientes com sangramento não controlado (grupo A) ou que estavam prestes a ser submetidos a um procedimento urgente (grupo B). O ponto final primário foi a reversão máxima do efeito anticoagulante do dabigatrana dentro de 4 horas após a administração do idarucizumabe, com base no tempo de trombina diluído ou no tempo de coagulação de ecarina. Os pontos finais secundários incluíram o restabelecimento da hemostasia e medidas de segurança.
Um total de 503 pacientes foi matriculado: 301 no grupo A e 202 no grupo B. A inversão da porcentagem máxima média de dabigatrana foi de 100% (IC 95%, 100 a 100), com base no tempo de trombina diluído ou o tempo de coagulação de ecarina. No grupo A, 137 pacientes (45,5%) apresentaram hemorragia gastrintestinal e 98 (32,6%), hemorragia intracraniana; entre os que puderam ser avaliados, o tempo médio para a cessação do sangramento foi de 2,5 horas.
No grupo B, o tempo médio para o início do procedimento pretendido foi de 1,6 horas; A hemostasia periprocedural foi avaliada como normal em 93,4% dos casos, ligeiramente anormal em 5,1% e moderadamente anormal em 1,5%. Aos 90 dias, ocorreram eventos trombóticos em 6,3% dos pacientes do grupo A e em 7,4% no grupo B, e as taxas de mortalidade foram de 18,8 e 18,9%, respectivamente. Não houve eventos de segurança graves.
Aplicação Prática
Neste estudo isolado, pode-se verificar a capacidade de reversão de anticoagulação do idarucizumabe para o dabigatrana. Ao menos com base nos dados apresentados, tem-se uma opção viável para lidar com situações onde é necessário reverter a anticoagulação, como nas situações expostas no estudo, nas quais o idarucizumabe reverteu rapidamente, de forma durável e com segurança o efeito anticoagulante do dabigatrana.
Bibliografia
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