Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 15/12/2016
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Contexto Clínico
O tratamento com a terapia de alto fluxo nasal tem uma eficácia semelhante ao da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) nasal, no caso de utilização como suporte pós-extubação em recém-nascidos. Entretanto, ainda não foi provada a eficácia da terapia de alto fluxo como o principal meio de suporte respiratório em bebês prematuros com dificuldade respiratória.
O Estudo
Este é um estudo internacional, multicêntrico, randomizado, de não inferioridade, em que 564 bebês prematuros (idade gestacional, =28 semanas e zero dias), com desconforto respiratório precoce e que não tinham recebido a reposição de surfactante, foram alocados para tratamento com a terapia de alto fluxo nasal ou com CPAP nasal. O desfecho primário foi a falha do tratamento dentro de 72 horas após a randomização. Os bebês com os quais a terapia de alto fluxo falhou puderam receber CPAP de resgate, enquanto aqueles com os quais o método da CPAP falhou foram entubados e ventilados mecanicamente.
O ensaio foi interrompido de forma precoce, por recomendação do Comitê Independente de Monitoramento de Segurança, devido a uma diferença significativa no desfecho primário entre os grupos de tratamento. O insucesso do tratamento ocorreu em 71 de 278 crianças (25,5%) pertencentes ao grupo de alto fluxo e em 38 de 286 crianças (13,3%) do grupo CPAP (diferença de risco, 12,3 pontos percentuais; IC 95%, 5,8-18,7; P <0,001).
A taxa de intubação dentro de 72 horas não diferiu de forma significativa entre o grupo da terapia de alto fluxo e o de CPAP (15,5% e 11,5%, respectivamente; diferença de risco, 3,9 pontos percentuais; IC 95%, -1,7-9,6; P = 0,17), sendo que o mesmo vale para eventos adversos.
Aplicação Prática
Com este estudo, pode-se concluir que, quando usada como suporte principal para prematuros com dificuldade respiratória, a terapia de alto fluxo nasal resultou em uma taxa significativamente maior de falência terapêutica em comparação ao uso de CPAP (insucesso de 25% contra 13% com CPAP). Sendo assim, não é recomendado o uso dessa modalidade de suporte de oxigênio para bebês prematuros.
Bibliografia
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