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Tiroidectomia sem uso de Iodo em Câncer de Tireóide de Baixo Risco

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/10/2022

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Contexto Clínico

 

Em pacientes com câncer diferenciado de tireoide de baixo risco submetidos à tiroidectomia, a administração pós-operatória de radioiodo (iodo-131) é controversa, uma vez que há ausência de benefícios demonstrados.

 

O Estudo

 

Apresentamos um ensaio clínico prospectivo, randomizado, de fase 3, no qual pacientes com câncer diferenciado de tireoide de baixo risco que estavam sendo submetidos a tiroidectomia foram designados para receber ablação com administração pós-operatória de radioiodo (1,1 GBq) após injeções de tirotropina humana recombinante (grupo radioiodo) ou para não receber radioiodo pós-operatório (grupo sem radioiodo). O objetivo primário foi avaliar se nenhuma terapia com radioiodo era não inferior à terapia com radioiodo com relação à ausência de um desfecho composto que incluísse anormalidades funcionais, estruturais e biológicas em três anos.

Entre os 730 pacientes que puderam ser avaliados três anos após a randomização, o percentual de pacientes sem evento foi de 95,6% (IC 95%, 93,0 a 97,5) no grupo sem radioiodo e de 95,9% (IC 95%, 93,3 a 97,7) no grupo de radioiodo, uma diferença de -0,3 ponto percentual (IC bilateral de 90%, -2,7 a 2,2), resultado que atendeu aos critérios de não inferioridade. Os eventos consistiram em anormalidades estruturais ou funcionais em 8 pacientes e anormalidades biológicas em 23 pacientes com 25 eventos. Os eventos foram mais frequentes em pacientes com níveis séricos de tireoglobulina no pós-operatório de mais de 1 ng por mililitro durante o tratamento com hormônio tireoidiano. As alterações moleculares foram semelhantes em pacientes com ou sem evento. Nenhum evento adverso relacionado ao tratamento foi relatado.

 

Aplicação Prática

 

Este interessante ensaio clínico vai na linha do “menos é mais”. A despeito de ser uma lógica “inversa”, com um estudo buscando não inferioridade (ao invés de buscar provar eficácia de hipótese), ao menos conclui-se que, em pacientes com câncer de tireoide de baixo risco submetidos à tiroidectomia, uma estratégia de acompanhamento que não envolveu o uso de radioiodo foi não inferior a uma estratégia de ablação com radioiodo quanto à ocorrência de eventos funcionais, estruturais e biológicos em três anos.

Este resultado dá margem a uma rediscussão da prática que muitas vezes é adotada de forma irrestrita em muitos locais quando se trata da condução do câncer de tireoide e abre oportunidade para a busca de maior custo-efetividade na prática com pacientes que sofrem dessa condição.

 

 

Bibliografia

 

1.             Leboulleux S et al. Thyroidectomy without Radioiodine in Patients with Low-Risk Thyroid Cancer. N Engl J Med 2022; 386:923-932

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