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Revisão Sistemática de Aspirina em Prevenção Primária

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 22/04/2019

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Contexto Clínico

 

O uso da aspirina como estratégia de prevenção primária é bastante controverso. Em que pesem potenciais benefícios de prevenção de eventos cardiovasculares, há que se levar em conta o risco aumentado de sangramentos em uma população que não tem doença cardiovascular. Apresentaremos uma revisão sistemática com metanálise que busca trazer informações mais precisas para esta discussão.

 

O Estudo

 

Foram selecionados ensaios clínicos randomizados envolvendo pelo menos 1000 participantes sem doença cardiovascular conhecida e um acompanhamento de pelo menos 12 meses. Estudos incluídos compararam o uso de aspirina sem aspirina (placebo ou nenhum tratamento). O desfecho principal mensurado foi ocorrência de eventos cardiovascular primário, o que era composto de mortalidade cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral não fatal. Além disso foi levantada a ocorrência de sangramento primário importante (conforme as definições dos estudos individuais).

Um total de 13 ensaios clínicos randomizando com 164.225 participantes com 1.050.511 anos de acompanhamento foram incluídos. A mediana da idade dos participantes do estudo foi de 62 anos (variação 53-74), 77.501 (47%) eram homens, 30.361 (19%) tinham diabetes, e o risco mediano de base do resultado cardiovascular primário foi de 9,2% (intervalo , 2,6% -15,9%). O uso de aspirina foi associado com reduções significativas no desfecho cardiovascular composto em comparação com nenhuma aspirina (57,1 por 10.000 anos-participante com aspirina e 61,4 por 10.000 anos-participantes sem aspirina) (taxa de risco [HR], 0,89 [IC95%: 0,84-0,95; redução do risco absoluto, 0,38% [IC 95%, 0,20% -0,55%]; número necessário para tratar, 265). O uso de aspirina foi associado a um risco aumentado de eventos hemorrágicos maiores em comparação com nenhuma aspirina (23,1 por 10000 participantes-ano com aspirina e 16,4 por 10000 participantes-ano sem aspirina) (HR, 1,43 [intervalo confiável 95%, 1,30- 1,56%; aumento do risco absoluto, 0,47% [IC 95%, 0,34% -0,62%]; número necessário para causar dano, 210).

 

Aplicação Prática

 

O uso de aspirina em indivíduos sem doença cardiovascular foi associado a um menor risco de eventos cardiovasculares e a um risco aumentado de sangramento maior. Esta informação pode informar discussões com pacientes sobre aspirina para prevenção primária de eventos cardiovasculares e sangramento. O que temos que levar em conta aqui são as dimensões dos resultados. A redução de risco absoluto é bastante baixa com a aspirina, e o NNT foi de 265. Já o NNH foi mais baixo, 210, o que em outras palavras significa dizer que é mais fácil ocorrer um sangramento maior do que a prevenção de um evento cardiovascular medido. Os resultados apontam para mais riscos que benefícios para o uso da aspirina como estratégia de prevenção primária, ao interpretarmos os resultados com seus números em mãos. Obviamente, não estamos estratificando aqui potenciais diferenças de resultados em subgrupos de pacientes de mais alto risco, como diabéticos, mas isso não é escopo da presente revisão sistemática.

 

 

Bibliografia

 

1.             Zheng SL, Roddick AJ. Association of Aspirin Use for Primary Prevention With Cardiovascular Events and Bleeding Events: A Systematic Review and Meta-analysisJAMA. 2019;321(3):277–287. doi:10.1001/jama.2018.20578

 

 

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