Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 20/02/2017
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Contexto Clínico
O vírus Zika (ZIKV) tem sido associado a malformações do sistema nervoso central (SNC) em fetos. Para caracterizar o espectro da doença do ZIKV em mulheres grávidas e crianças, foram observados alguns pacientes no Rio de Janeiro para descrever as manifestações clínicas em mães e repercussões da infecção aguda do ZIKV em recém-nascidos.
O Estudo
Foram incluídas neste estudo mulheres grávidas em quem uma erupção cutânea havia se desenvolvido dentro de 5 dias anteriores à inclusão e nas quais foram testadas amostras de sangue e urina para ZIKV por PCR. Essas mulheres foram seguidas de forma prospectiva para a obtenção de dados sobre os resultados da gravidez e dos recém-nascidos.
Foram recrutadas 345 pacientes de setembro 2015 até maio de 2016; dessas, 182 (53%) testaram positivo para ZIKV no sangue, na urina ou ambos. O momento da infecção aguda pelo ZIKV variou de 6 a 39 semanas de gestação. As características clínicas maternas predominantes incluíram erupção pruriginosa descendente macular ou erupção maculopapular, artralgias, hiperemia conjuntival e dor de cabeça; 27% tiveram febre (de curta duração e de baixa intensidade). Em julho de 2016, 134 gestações afetadas pelo ZIKV e 73 não afetadas pelo ZIKV tinham chegado ao final, com resultados conhecidos para 125 gestações afetadas pelo ZIKV e 61 não afetadas pelo ZIKV. A infecção com o vírus Chikungunya foi identificada em 42% das pacientes sem infecção pelo ZIKV contra 3% de mulheres com infecção pelo ZIKV (P <0,001). As taxas de morte fetal foram de 7% em ambos os grupos; os resultados adversos globais foram de 46% entre os filhos de mulheres ZIKV-positivo contra 11,5% entre os filhos de mulheres ZIKV-negativo (P <0,001). Entre 117 nascidos vivos para 116 mulheres com ZIKV-positivo, 42% tiveram achados de anormalidade clínica ou de imagem do cérebro ou ambos, incluindo 4 crianças com microcefalia. Efeitos adversos foram notados independentemente do trimestre durante o qual as mulheres foram infectadas com ZIKV (55% das gestações tiveram resultados adversos após a infecção da mãe durante o primeiro trimestre; 52%, após a infecção no segundo trimestre; 29%, após a infecção no terceiro trimestre).
Aplicação Prática
Apesar de os sintomas clínicos serem leves na gestação, a infecção pelo ZIKV durante a gravidez é prejudicial para o feto e está associada com morte fetal, restrição de crescimento fetal, além de um espectro de anomalias do SNC.
Bibliografia
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