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Parte I - Arsenal Terapêutico e Uso Clínico dos Hemocomponentes

Última revisão: 23/03/2009

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No final de 2008, foi lançado pelo Ministério da Saúde o Guia para o Uso de Hemocomponentes, cujo propósito é racionalizar o uso de hemoderivados e aumentar a segurança transfusional. Participaram da elaboração do guia a Hemorrede Nacional pública e privada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, o Colégio Brasileiro de Hematologia, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira e a Sociedade Brasileira de Anestesiologia. A seguir, um resumo das principais recomendações do guia. Recomendamos também a leitura do documento original [Link Livre para o Documento Original].

Para fins didáticos, o resumo das principais recomendações é dividido em 7 partes, sendo aqui abordada a primeira parte.

 

      Parte I – Arsenal terapêutico e uso clínico dos hemocomponentes.

      Parte II – Procedimentos especiais para os hemocomponentes.

      Parte III – Transfusão de concentrado de hemácias em pacientes críticos.

      Parte IV – Transfusão maciça.

      Parte V Transfusão de hemocomponente em pediatria.

      Parte VI – Expansores plasmáticos.

      Parte VII – Reações transfusionais imediatas.

 

PARTE I – ARSENAL TERAPÊUTICO E USO CLÍNICO DOS HEMOCOMPONENTES

Arsenal Terapêutico no Suporte Hemoterápico

Formas de Obtenção dos Hemocompontes

Existem duas formas para obtenção dos hemocomponentes. A mais comum é a coleta do sangue total. A outra forma, mais específica e de maior complexidade, é a coleta por meio de aférese, que se caracteriza pela retirada do sangue do doador, seguida da separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja retirar na máquina e devolução dos outros componentes ao doador.

 

Produtos Originados a Partir do Sangue Total

 

Concentrado de Hemácias

O concentrado de hemácias (CH) é obtido por meio da centrifugação de uma bolsa de sangue total (ST) e da remoção da maior parte do plasma. Seu volume varia entre 220 e 280 mL. Os CH podem ser desleucocitados, com a utilização de filtros para leucócitos, ou desplasmatizados pela técnica de lavagem com solução salina fisiológica preferencialmente em sistema fechado.

 

Concentrado de Plaqueta

O concentrado de plaquetas (CP) pode ser obtido a partir de unidade individual de sangue total ou por aférese, coletadas de doador único. Cada unidade de CP unitário contém aproximadamente 5,5 x 1010 plaquetas em 50 a 60 mL de plasma; já as unidades por aférese contêm pelo menos 3 x 1011 plaquetas em 200 a 300 mL de plasma (correspondente de 6 a 8 unidades de CP unitários).

 

Plasma

O plasma fresco congelado (PFC) consiste na porção acelular do sangue obtida por centrifugação a partir de uma unidade de sangue total e transferência em circuito fechado para uma bolsa satélite. Pode ser obtido também a partir do processamento em equipamentos automáticos de aférese. É constituído basicamente de água, proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação e outras), carboidratos e lipídios.

O plasma isento de crioprecipitado (PIC) é aquele do qual foi retirado, em sistema fechado, o crioprecipitado.

 

Crioprecipitado

O crioprecipitado (CRIO) contém glicoproteínas de alto peso molecular como de fator VIII, fator von Willebrand, fibrinogênio e fator XIII. A principal fonte de fibrinogênio concentrado é o crioprecipitado.

 

Concentrado de Granulócitos

Os concentrados de granulócitos (CG) são hemocomponentes obtidos por aférese de doador único, por meio de máquinas separadoras de células. Como a função dos granulócitos deteriora-se mesmo durante curto armazenamento, os CG devem ser transfundidos assim que possível após a coleta, e, se for inevitável, seu armazenamento deve ser em temperatura entre 20 e 24°C, em repouso e por, no máximo, 24 horas.

 

O Uso Clínico de Hemocomponentes

Princípios

Transfundir somente o componente que o paciente necessita, baseado em avaliação clínica e/ou laboratorial, não havendo indicações de sangue total.

A indicação de hemocomponentes é padronizada e baseada em evidências científicas determinadas pela análise de grupos de pacientes, nunca devendo ser empírica ou baseada somente na experiência do profissional médico envolvido. A indicação de transfusão pode ser objeto de análise por médico do serviço de hemoterapia.

As indicações básicas para transfusões são restaurar ou manter a capacidade de transporte de oxigênio, o volume sanguíneo e a hemostasia. As condições clínicas do paciente, e não somente resultados laboratoriais, são fatores importantes na determinação das necessidades transfusionais.

Apesar de todos os cuidados, o procedimento transfusional ainda apresenta riscos (doença infecciosa, imunossupressão, aloimunização), devendo ser realizado somente quando existe indicação precisa e nenhuma outra opção terapêutica.

Como o procedimento transfusional apresenta risco potencial, a decisão deve ser compartilhada pela equipe médica com o paciente ou seus familiares e todas as dúvidas devem ser esclarecidas.

Em situações relacionadas com crenças religiosas, existem orientações específicas que devem ser discutidas com o médico hemoterapeuta do serviço.

Não existe contraindicação absoluta à transfusão em pacientes com febre, mas é importante diminuir a febre antes da transfusão, porque o surgimento de febre pode ser um sinal de hemólise ou de outro tipo de reação transfusional.

Nenhuma transfusão deve exceder o período de infusão de 4 horas. Quando este período for ultrapassado, a transfusão deve ser interrompida e a unidade descartada.

Não deve ser adicionado nenhum fluido ou droga ao produto hemoterápico a ser transfundido, podendo o acesso ser compartilhado apenas com cloreto de sódio a 0,9% (SF).

Todo o produto hemoterápico deve ser transfundido com equipo com filtro de 170 µ capaz de reter coágulos e agregados.

 

Concentrado de Hemácias

Indicações e Contraindicações

1.    Transfusão de concentrado de hemácias em hemorragias agudas

As perdas sanguíneas podem ser classificadas em:

 

      hemorragia classe I – perda de até 15% do volume sanguíneo;

      hemorragia classe II – perda sanguínea de 15 a 30%;

      hemorragia classe III – perda de 30 a 40%;

      hemorragia classe IV – perda maior que 40%.

 

Pacientes com hemorragia classes III e IV podem evoluir para óbito por falência múltipla de órgãos se não forem submetidos a esquemas de ressuscitação na primeira hora. A transfusão de CH está recomendada após perda volêmica superior a 25 a 30% da volemia total.

O hematócrito não é bom parâmetro para nortear a decisão de transfundir em hemorragias agudas, uma vez que só começa a diminuir 1 a 2 horas após o início da hemorragia. Em hemorragias agudas, o paciente deve ser imediatamente transfundido quando apresentar sinais e sintomas clínicos sugestivos de grandes perdas, como os seguintes:

 

      frequência cardíaca acima de 100 a 120 bpm;

      hipotensão arterial;

      queda no débito urinário;

      frequência respiratória aumentada;

      enchimento capilar retardado (> 2 segundos);

      alteração no nível de consciência.

 

2.    Transfusão de concentrado de hemácias em anemia normovolêmica

De modo geral, anemias em que o nível de Hb é superior a 10 g/dL (Hct superior a 30%) são bem toleradas, e só excepcionalmente requerem transfusão. Inversamente, quando a Hb é inferior a 7 g/dL, existe grande risco de hipóxia tecidual e comprometimento das funções vitais. Neste caso, o paciente geralmente se beneficia com a transfusão de CH. Entre 7 e 10 g/dL de Hb, a indicação de transfusão fica na dependência da avaliação do estado clínico do paciente.

Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), cardiopatias isquêmicas e em pacientes idosos, por exemplo, é aceitável transfundir com níveis de Hb < 10 g/dL.

Devemos lembrar também que as anemias de instalação crônica, que cursam com normovolemia, são muito melhor toleradas do que anemias de instalação aguda e que, sempre que possível, devemos considerar outras formas de intervenções terapêuticas, tais como reposição de ferro ou o tratamento com eritropoietina, antes da transfusão.

Logo, a decisão da realização da transfusão de CH deve ser baseada em diversos fatores clínicos e laboratoriais, como idade do paciente, velocidade de instalação da anemia, história natural da anemia, volume intravascular e a presença de cofatores fisiológicos que afetam a função cardiopulmonar. Em resumo:

 

      Hb > 10 g/dL: via de regra, não transfundir;

      Hb < 7 g/dL: via de regra, transfundir;

      Hb entre 7 e 10 g/dL: considerar transfusão principalmente em pacientes com DPOC, cardiopatias isquêmicas e idosos sintomáticos.

 

Compatibilidade ABO e RHD

A compatibilidade ABO e RhD deve ser criteriosamente avaliada para evitar reações transfusionais graves. Maiores detalhes no documento original.

 

Dose e Modo de Administração

Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3% e a Hb em 1 g/dL. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido não deve exceder 10 a 15 mL/kg/hora.

O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 a 120 minutos em pacientes adultos. Em pacientes pediátricos, não exceder a velocidade de infusão de 20 a 30 mL/kg/hora. A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser feita por meio de nova dosagem de Hb ou Ht 1 a 2 horas após a transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30 minutos após o término da transfusão e possui resultados comparáveis.

 

Concentrado de Plaquetas (CP)

Geralmente indica-se transfusão de CP em plaquetopenias desencadeadas por falência medular (doenças hematológicas e/ou quimioterapia e radioterapia), sendo raramente indicada a reposição em plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas de função plaquetária.

 

Plaquetopenias por Falência Medular

Nas situações de plaquetopenias por tempo determinado, frequentemente associadas a métodos terapêuticos para doenças oncológicas ou onco-hematológicas, como quimioterapia, radioterapia e transplante de células progenitoras hematopoiéticas, indica-se a transfusão profilática:

 

      se contagens inferiores a 10.000/mcL na ausência de fatores de risco;

      se inferiores a 20.000/mcL na presença de fatores associados a eventos hemorrágicos, como febre (> 38°C), manifestações hemorrágicas menores (petéquias, equimoses, gengivorragias), doença transplante versus hospedeiro (GVHD – graft versus host disease), esplenomegalia, utilização de medicações que encurtam a sobrevida das plaquetas (alguns antibióticos e antifúngicos), hiperleucocitose (contagem maior que 30.000/mm³), presença de outras alterações da hemostasia (p.ex., leucemia promielocítica aguda) ou queda rápida da contagem de plaquetas.

 

Alguns trabalhos identificam duas situações especiais:

 

      pacientes pediátricos: toleram contagens plaquetárias mais baixas, definindo-se como critério de indicação de transfusão de CP contagens inferiores a 5.000/mcL em pacientes estáveis;

      pacientes adultos portadores de tumores sólidos: teriam maior risco de sangramento quando submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia associados à necrose tumoral, sendo indicada transfusão de CP se contagens inferiores a 20.000/mcL.

 

Em situações em que a plaquetopenia por falência medular tem um caráter crônico (p.ex., anemia aplástica grave, síndrome mielodisplásica etc.), os pacientes devem ser observados sem transfusão de CP. Esta estaria indicada profilaticamente somente se contagens inferiores a 5.000/mcL ou se inferiores a 10.000/mcL, na presença de manifestações hemorrágicas.

 

Distúrbios Associados a Alterações de Função Plaquetária

Pacientes portadores de alterações da função plaquetária (p.ex., doenças congênitas) raramente necessitam de transfusões de CP, pois a ocorrência de sangramentos graves é pouco frequente. A recomendação terapêutica é de transfusão de CP pré-procedimentos cirúrgicos ou invasivos e no caso de sangramentos após utilização, sem resultados, de outros métodos, como agentes antifibrinolíticos e DDAVP.

Frequentemente, em pacientes submetidos a procedimentos cardíacos cirúrgicos, com utilização de circulação extracorpórea por tempos superiores a 90 a 120 minutos, a função plaquetária pode estar comprometida, por mecanismos associados à ativação plaquetária, desencadeando sangramento difuso intraoperatório. Nesta situação, mesmo com contagens superiores a 50.000/mcL, está indicada a transfusão de CP.

 

Plaquetopenias por Diluição ou Destruição Periférica

Quatro situações importantes podem ser caracterizadas neste grupo, no qual temos uma diluição da concentração das plaquetas ou um consumo aumentado e/ou destruição por mecanismos imunes:

 

1.    Transfusão maciça: espera-se uma contagem de plaquetas inferior a 50.000/mcL se aproximadamente duas volemias sanguíneas forem trocadas do paciente. Nesta situação, recomenda-se a transfusão de CP se a contagem for inferior a 50.000/mcL e se inferior a 100.000/mcL na presença de alterações graves da hemostasia, trauma múltiplo ou de sistema nervoso central.

2.    Coagulopatia intravascular disseminada (CID): nesta situação, a reposição de plaquetas e fatores de coagulação é desencorajada, pois não há evidências de efeitos benéficos profilaticamente, porém, em presença de sangramentos, mesmo que sem gravidade no momento, deve-se iniciar a reposição de fatores de coagulação (PFC) e de CP objetivando contagens superiores a 20.000/mcL.

3.    Plaquetopenias imunes: a mais frequente forma de plaquetopenia imune é a púrpura trombocitopênica imune (PTI), associada à presença de autoanticorpos antiplaquetas. Nesta situação, a transfusão de CP é restrita a situações de sangramentos graves que coloquem em risco a vida dos pacientes. A terapêutica de reposição deve ser agressiva e sempre associada a formas de tratamento específico, como altas doses de corticoides e imunoglobulina.

4.    Dengue hemorrágica: a trombocitopenia que acompanha os casos de dengue hemorrágica é causada pela presença de anticorpos que, dirigidos contra proteínas virais, apresentam reação cruzada contra antígenos plaquetários. Na prática, esta plaquetopenia comporta-se como a da PTI, portanto não há indicação para a transfusão profilática de plaquetas, independentemente da contagem de plaquetas no sangue periférico. A transfusão profilática de plaquetas também não está indicada nas trombocitopenias que podem acompanhar a leptospirose e as riquetsioses.

 

Procedimentos Cirúrgicos ou Invasivos em Pacientes Plaquetopênicos

Contagens superiores a 50.000/mcL são suficientes para a maioria dos casos, exceto para procedimentos neurocirúrgicos e oftalmológicos para os quais níveis mais elevados são exigidos (superiores a 80.000 a 100.000/mcL). A seguir estão as diretrizes do documento para transfusão de concentrado de plaquetas para procedimentos cirúrgicos e/ou invasivos (Tabela 1).

 

Tabela 1: Indicação de transfusão para procedimentos cirúrgicos e/ou invasivos

Condição

Nível desejado (/µL)

Punção lombar para coleta de LCR ou quimioterapia

Pacientes pediátricos: superior a 20.000/mcL

Pacientes adultos: superior a 30.000

Biópsia e aspirado de medula óssea

Superior a 20.000/mcL

Endoscopia digestiva e broncoscopia com instrumento de fibra ótica

Sem biópsia: superior a 20.000 a 40.000/mcL

Com biópsia: superior a 50.000/mcL

Biópsia hepática

Superior a 50.000/mcL

Cirurgias de médio e grande porte

Superior a 50.000/mcL

Cirurgias oftalmológicas e neurológicas

Superior a 100.000/mcL

LCR = líquido cefalorraquidiano.

 

Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) e Plaquetopenia Induzida por Heparina (PIH)

Estas condições são contraindicação formal para a transfusão de CP a menos que ocorra sangramento grave, colocando em risco a vida do paciente, pois a transfusão de CP nestes casos se associa com a piora do quadro clínico dos pacientes ou complicações tromboembólicas.

 

Compatibilidade ABO e RhD

Embora o risco associado seja menor do que com a transfusão de hemácias, deve-se preferir transfusão de CP ABO-compatível, pois a transfusão de CP não-compatível pode levar a refratariedade da plaquetopenia de causa imune, associada a aloimunização. Se a transfusão de sangue compatível não for possível, optar por transfusões de unidades ABO incompatíveis em pacientes que não necessitam de suporte crônico. Maiores detalhes no documento original.

 

Dose e Modo de Administração

A dose preconizada é de 1 unidade de CP para cada 7 a 10 kg de peso do paciente, porém pode-se considerar também a contagem de plaquetas desejada dependendo da presença ou ausência de sangramento, como segue:

 

1.    Transfusões terapêuticas (contagem desejada superior a 40.000/µL)

      Adultos > 55 kg de peso: 8 a 10 U de CP unitários ou 1 U CP obtidos por aférese.

      Pacientes de 15 a 55 kg de peso: 4 a 6 U de CP unitários ou 0,5 a 1 U CP obtidos por aférese.

      Crianças < 15 kg: dose de 5 a 10 mL/kg.

 

2.    Transfusões profiláticas (contagem desejada superior a 25.000/mcL)

      Adultos > 55 kg de peso: 6 a 8 U de CP unitários ou 1 U CP obtidos por aférese).

      Pacientes menores: dose 1 U de CP unitários para cada 10 kg de peso.

 

O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximadamente 30 minutos em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo a velocidade de infusão de 20 a 30 mL/kg/hora. A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CP deve ser feita por meio de nova contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a resposta clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais, a avaliação laboratorial 10 minutos após o término da transfusão pode facilitar a avaliação da resposta e possui resultados comparáveis.

 

Plasma

Indicações

O plasma fresco congelado contém proteínas da coagulação e, portanto, deve ser usado no tratamento de pacientes com distúrbio da coagulação com sangramento ativo, particularmente naqueles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral. Portanto, as indicações são:

 

1.    Hepatopatia

O dano ao parênquima hepático leva à redução na síntese dos fatores da coagulação (I, II, VII, IX e X), o que é um fator predisponente para sangramento e evidencia-se laboratorialmente pelo alargamento do tempo de protrombina (TP). O paciente hepatopata, entretanto, raramente sangra na ausência de fatores predisponentes como cirurgia, biópsia hepática ou ruptura de varizes de esôfago, de forma que não há benefício da reposição de PFC em pacientes com TP alargado sem sangramento.

Também não há evidências que indiquem a eficácia da transfusão de PFC antes da realização de procedimentos invasivos para prevenir complicações hemorrágicas.

Hepatopatas com sangramento ativo, por outro lado, podem se beneficiar da reposição de fatores da coagulação a partir do PFC.

 

2.    Coagulação intravascular disseminada

Distúrbio da hemostasia, associado a septicemia, perda maciça de sangue, injúria vascular grave ou presença de veneno de cobras, líquido amniótico e enzimas pancreáticas na circulação, com consequente desequilíbrio nos mecanismo da coagulação. Todos os fatores da coagulação estão diminuídos na CID e o quadro clínico apresentado pelo paciente varia de alterações laboratoriais isoladas a sangramentos importantes e insuficiência de múltiplos órgãos. A resolução da condição desencadeante é a base do tratamento. Transfusão de PFC associada à reposição de outros hemocomponentes (concentrado de plaquetas e crioprecipitado) está indicada apenas na presença de sangramento.

 

3.    Sangramento severo causado por uso de anticoagulantes orais (warfarina) ou necessidade de reversão urgente da anticoagulação

Sangramento relacionado à ação excessiva da warfarina, evidenciada por alargamento do TP padronizado pelo INR (International Normalized Ratio) pode ser corrigido por uma série de medidas, como a suspensão do anticoagulante, a administração oral ou parenteral da vitamina K e a transfusão de PFC ou de complexo protrombínico (concentrado de fatores II, VII, IX e X), de acordo com a gravidade do quadro apresentado pelo paciente.

A utilização do PFC (15 a 20 mL/kg) em pacientes com sangramento importante relacionado à anticoagulação oral pode ser feita para reverter rapidamente seu efeito. Recomenda-se a associação de administração de vitamina K.

Quando disponível, o complexo protrombínico é preferível ao PFC, por apresentar menor risco de transmissão de vírus.

 

4.    Transfusão maciça com sangramento por coagulopatia

A depleção dos fatores de coagulação não é comum em pacientes submetidos à transfusão maciça, a não ser quando apresentam distúrbio associado da coagulação. A coagulopatia no trauma é complexa, resultando do efeito da perda sanguínea, acidose, hipotermia, consumo, fibrinólise e diluição.

A prescrição sistemática de PFC em pacientes recebendo transfusão de grandes volumes de hemácias por sangramento, utilizando fórmulas automáticas de reposição, não tem se mostrado eficaz na prevenção de distúrbios da coagulação nesses pacientes, e está relacionada a transfusões desnecessárias e a risco transfusional. Por outro lado, embora TPAP e TTPa não apresentem boa correlação com a necessidade de reposição, sua alteração é um critério mais racional para guiar a indicação e o monitoramento da transfusão, assim como a avaliação clínica. Portanto, recomenda-se, para estes pacientes, o monitoramento da coagulação e o início das transfusões de plasma após evidência laboratorial de coagulopatia.

 

5.    Outras indicações

Sangramento ou profilaxia de sangramento causado por deficiência isolada de fator da coagulação para a qual não há produto com menor risco de contaminação viral (concentrado de fator da coagulação) disponível, e também como líquido de reposição na plasmaférese terapêutica na púrpura trombocitopênica trombótica (PTT)

 

Contraindicações

Deve ser ressaltado que o PFC não deve ser usado nas seguintes situações:

 

      como expansor volêmico e em pacientes com hipovolemias agudas (com ou sem hipoalbuminemia);

      em sangramentos sem coagulopatia;

      para correção de testes anormais da coagulação na ausência de sangramento;

      em estados de perda proteica e imunodeficiências.

 

Compatibilidade ABO e RhD

Não há necessidade da realização de provas de compatibilidade antes da transfusão de PFC. Os componentes devem ser preferencialmente ABO-compatíveis, mas não necessariamente idênticos. Maiores detalhes no documento original.

 

Dose e Modo de Administração

O volume a ser transfundido depende do peso e da condição clínica e hemodinâmica do paciente. A utilização de 10 a 20 mL de PFC/kg de peso aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores de coagulação do paciente, chegando a níveis hemostáticos.

Embora não haja correlação direta entre alterações de tempo de protrombina (TPAP) e de tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) e risco de sangramento, quando utilizada na correção de deficiência de múltiplos fatores da coagulação, a reposição de PFC deve ser monitorada laboratorialmente. O TPAP maior que 1,5 vez o ponto médio da variação normal e/ou o TTPa maior do que 1,5 vez o limite superior do normal podem ser usados como parâmetro para reposição, de acordo com a situação clínica do paciente.

Para detalhes sobre a correção de deficiências de fatores isolados da coagulação, sugere-se a leitura do documento original.

Antes de ser utilizado para transfusão, o PFC deve ser completamente descongelado em banho-maria a 37°C ou em equipamentos apropriados para este fim. Maiores detalhes sobre o correto manuseio do PFC no documento original.

 

Crioprecipitado

Indicações e Contraindicações

O crioprecipitado está indicado no tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida (< 100 mg/dL), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hipofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular disseminada (CID). Somente 50% do total dos 200 mg de fibrinogênio administrados/bolsa no paciente com complicações devido à transfusão maciça são recuperados por meio intravascular.

Pode ser útil também no tratamento de sangramento ou no procedimento invasivo em pacientes urêmicos, com o intuito de diminuir o tempo de sangramento (TS) e diminuir o sangramento, mas esta opção tem sido substituída pelo tratamento com eritropoietina, acetato de desmopressina (DDAVP) ou estrogênio conjugado.

Devido às opções terapêuticas disponíveis, como o fator VIII recombinante e derivados de fator VIII pós- inativação viral, o crioprecipitado está contraindicado para tratamento de pacientes com hemofilia A e para pacientes portadores de doença de von Willebrand.

O crioprecipitado não deve ser usado no tratamento de pacientes com deficiências de outros fatores que não sejam de fibrinogênio ou fator XIII.

 

1.    Indicação de uso de crioprecipitado

  repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiência isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial;

   repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascular disseminada e graves hipofibrinogenemias associadas a sangramento;

   repor fator XIII em pacientes com hemorragias por deficiência deste fator, quando não se dispuser do concentrado de fator XIII industrial;

   repor fator de von Willebrand em pacientes que não têm indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando não se dispuser de concentrados de fator de von Willebrand ou de concentrados de fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand.

 

Compatibilidade ABO e RhD

O crioprecipitado contém anticorpos ABO, portanto, sempre que possível, utilizar componente ABO-compatível. Maiores detalhes no documento original.

 

Dose e Modo de Administração

Cada unidade aumenta o fibrinogênio em 5 a 10 mg/dL em um adulto médio, na ausência de grandes sangramentos ou de consumo excessivo de fibrinogênio. O nível hemostático é de = 100 mg/dL.

O cálculo da quantidade necessária de bolsas para correção de hipofibrinogenemia depende da natureza do episódio de sangramento e da gravidade da deficiência inicial.

Uma forma prática para tratar os pacientes com hipofibrinogenemia ou disfibrinogenemia e deficiência de fator XIII é o cálculo de 1 a 1,5 bolsas de crioprecipitado para cada 10 kg de peso do paciente, com a intenção de atingir nível de fibrinogênio hemostático de 100 mg/dL, reavaliando a cada 3 a 4 dias. A quantidade de crioprecipitado pode ser diminuída quando houver administração concomitante de concentrado de hemácias e/ou de plauetas porque estes produtos contêm 2 a 4 mg de fibrinogênio/mL, que corresponde a 2 U de crioprecipitado. Maiores detalhes sobre a dosagem e o modo de administração no documento original.

 

Concentrado de Granulócitos

Ainda hoje não está totalmente definido se, mesmo grandes doses de granulócitos, são úteis em debelar infecções e aumentar a sobrevida de pacientes neutropênicos imunossuprimidos para, com segurança, dizer se existem benefícios que superem os riscos desta terapêutica cara. Antes da indicação de transfusão de concentrado de granulócitos (CG), considerar o uso de alternativas farmacológicas, como o G-CSF e GM-CSF. Ou seja, trata-se de terapia de exceção e sem benefícios comprovados. Maiores detalhes no documento original.

 

SOBRE OS DIREITOS AUTORAIS DO DOCUMENTO

Consta no documento:

“Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.”

O objetivo do site MedicinaNet e seus editores é divulgar este importante documento. O presente resumo contém figuras e alguns trechos do documento original permaneceram inalterados. Este resumo permanecerá aberto para não assinantes indefinidamente.

 

ADAPTAÇÃO E RESUMO

Euclides F. de A. Cavalcanti

Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

 

EQUIPE TÉCNICA DO DOCUMENTO

Coordenação

Guilherme Genovez

Médico Hematologista. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Marcelo Addas Carvalho

Médico Hematologista e Hemoterapeuta do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

Bárbara de Jesus Simões

Enfermeira Especialista em Saúde Pública. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Amal Nóbrega Kozak

Bióloga. Gerência Geral de Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

Elaboração

Bárbara de Jesus Simões

Enfermeira Especialista em Saúde Pública. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Dante Mario Langhi Jr

Médico, Professor Adjunto. Membro da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

 

Eugênia Maria Amorim Ubiali

Médica Hematologista e Hemoterapeuta. Membro do Colégio Brasileiro de Hematologia e Hemocentro de Ribeirão Preto.

 

Luciana Maria de Barros Carlos

Médica do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).

 

Luiz Antonio Vane

Médico Anestesiologista. Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp).

 

Marcelo Addas-Carvalho

Médico Hematologista e Hemoterapeuta do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

Raquel Baumgratz Delgado

Médica Hematologista e Hemoterapeuta da Fundação Hemominas.

 

Rubens C. Costa Filho

Médico Intensivista. Membro da Associação de Medicina Intensiva Brasileira e Hospital Pró-Cardíaco.

 

Silvana Biagini

Médica do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês.

 

Silvano Wendel

Médico do Hospital Sírio-Libanês.

 

Youko Nukui

Médica Hematologista e Hemoterapeuta. Chefe do Ambulatório de Transfusão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

 

Colaboração

Ana Suely Leite Saraiva

Farmacêutica e bioquímica. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Jane Terezina Martins

Farmacêutica e bioquímica. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Mônica Baeta Silveira Santos

Publicitária. Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

 

Revisão Técnica

Júnia Guimarães Mourão Cioffi

Médica Hematologista e Hemoterapeuta da Fundação Hemominas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO DOCUMENTO

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Por: Gabriel Salim Saud de Oliveira em 13/03/2013 às 13:56:56

"Resumo de hemoderivados"

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