Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 01/12/2017
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Contexto Clínico
O tratamento do choque sempre pode vir a se tornar um desafio. Nessas situações, sempre se fica restrito em relação ao arsenal medicamentoso. Especialmente no choque que não responde a altas doses de vasopressores, observa-se alta mortalidade. Os pesquisadores do estudo que será mostrado a seguir investigaram a eficácia da angiotensina II para o tratamento de pacientes com choque refratário ao uso de vasopressores.
O Estudo
Foi realizado um ensaio clínico no qual pacientes com choque que receberam mais de 0,2µg de norepinefrina por quilograma de peso corporal por minuto ou a dose equivalente de outro vasopressor foram randomizados para receber infusões de angiotensina II ou placebo. O desfecho primário avaliado foi uma resposta em relação à pressão arterial média com 3h após o início da infusão, com resposta definida como um aumento em relação à linha de base de, pelo menos, 10mmHg, ou aumento de, pelo menos, 75mmHg, sem aumento das doses dos vasopressores de fundo.
Um total de 344 pacientes foi atribuído a um dos dois regimes; 321 receberam uma intervenção no estudo (163 receberam angiotensina II e 158, placebo) e foram incluídos na análise. O desfecho primário foi alcançado por mais pacientes no grupo angiotensina II (114 dos 163 pacientes -69,9%) do que no grupo placebo (37 dos 158 pacientes - 23,4%) - odds ratio, 7,95; IC 95%, 4,76 a 13,3; P <0,001. Com 48 horas, a melhora média no escore de Avaliação de Falha de Órgãos Sequenciais (Sofa) cardiovascular (os escores variam de 0 a 4, com pontuações mais altas indicando disfunção mais grave) foi maior no grupo angiotensina II do que no grupo placebo (-1,75 versus -1,28, P = 0,01). Eventos adversos graves foram relatados em 60,7% dos pacientes no grupo angiotensina II e em 67,1% no grupo placebo.
Aplicação Prática
É sempre bom ver um estudo abordando uma área que carece de novidades, que é o manejo de choque. Neste ensaio clínico randomizado, a angiotensina II aumentou efetivamente a pressão arterial em pacientes com choque que não responderam a altas doses de vasopressores convencionais. Vale aguardar novos ensaios clínicos ou estudos multicêntricos para validar esta, que é uma opção promissora no manejo do tipo de caso relatado.
Bibliografia
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